Coisas Novas

por Nereide Michel em 04/04/2018

Botox, quando surgiu veio envolto em mistério e na expectativa de ser a solução mágica para a maioria dos problemas estéticos. Claro que grande parte desta expectativa se concretizou no decorrer de mais de uma década que marcou o lançamento e a difusão de tratamentos à base da aplicação de seu principal ingrediente, a toxina botulínica. Contudo, o alerta para o uso indiscriminado da fórmula permanece em alta. O cirurgião plástico curitibano Rodolpho Almeida, que pertence à equipe de profissionais da Clínica Bellage, esclarece que “é  preciso ter em mente que são tratamentos invasivos, cujo especialista tem de estar preparado para aplicá-los para evitar consequências indesejadas, como complicação alérgica, efeito estético insatisfatório ou até mesmo choque anafilático.”

Uma preocupação que se justifica quando se leva em conta que no aumento da demanda pelo procedimento registra-se um crescente número de jovens na faixa dos 20 e poucos anos. Um contraste com clientes acima dos 30 ou 40 anos, que buscam solução para as linhas de expressão que se evidenciam com mais intensidade na maturidade. Daí a importância de uma avaliação individual para comprovar a necessidade da aplicação do botox, as condições de saúde do paciente e se o local da musculatura, que vai receber o tratamento, trará vantagens na aparência.

Outro alerta importante é sobre as novidades que estão chegando ao mercado e que precisam ser aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Entre estas, o cirurgião plástico cita um comprimido que aumenta a duração do botox em  até 50% e técnicas que minimizam o desconforto da aplicação, como a caneta Skin Cooler, que alivia a dor da injeção local. “É fundamental que os pacientes só se submetam ao procedimento após a devida liberação dos órgãos responsáveis e, assim, consigam amenizar ou prevenir as indesejadas rugas de forma efetiva e segura” orienta Rodolpho Almeida.

As regiões mais comuns para o uso da toxina botulínica são a testa – na parte frontal e glabela – e a lateral dos olhos, onde se formam os chamados pés de galinha. Mesmo que o procedimento seja praticamente indolor, existem técnicas que podem evitar o desconforto, como o uso de gel anestésico e “rolinhos gelados” na área antes das pequenas injeções locais. 

 ALÉM DO ROSTO

A opção pelo botox para solucionar problemas que não são apenas estéticos também deve ser acompanhada com muito critério para evitar efeitos negativos. O cirurgião torácico Marcos Chesi, que tem obtido excelentes resultados no tratamento de hiperidrose  – produção excessiva de suor principalmente nas mãos e axilas – através da aplicação da toxina botulínica, destaca como imprescindível a avaliação minuciosa do quadro clínico e familiar do paciente antes de recomendar-lhe este procedimento. 

O suor excessivo pode ocorrer com frequência em uma família, apesar de não ser uma alteração genética e é causada também por doenças como o hipertiroidismo, câncer, condições associadas à ansiedade, distúrbio de controle de glicose, doença cardíaca, menopausa, lesão da medula espinhal e medicamentos.

 “Quem sofre de hiperidose pode suar mesmo quando a temperatura está baixa ou em descanso, uma condição que pode provocar desconforto tanto físico como emocional. Uma situação que causa constrangimentos principalmente pela falta de controle na eliminação da sudorese” esclarece Marcos Chesi. Segundo ele, aproximadamente 2 a 4 % da população brasileira padece com o problema. 

 O botox bloqueia o estímulo do suor junto às glândulas e pode  melhorar o sintoma da hiperidrose localizada, ajudando a diminuir o desconforto com o suor excessivo pelo período de seis a oito meses. O produto é injetado no próprio consultório e seu efeito pode ser notado a partir de 72 duas horas da aplicação. É preciso um intervalo de seis meses entre cada aplicação.