por Nereide Michel em 24/10/2024
A moda foi uma das muitas portas de entrada acessadas por Oskar Metsavaht para expressar as suas demandas num universo interior mutifacetado de interesses particulares e expectativas coletivas. O médico gaúcho, que surfou nas ondas do Arpoador mas também surfou nas nevadas montanhas sagradas do Himalaia, nunca viu impeditivos para o seu desejo de ir mais além. Das areias do “reino unido de Ipanema” percebeu que nelas e nos calçadões adjacentes pulsava um lifesyle que definia o jeito de ser do carioca/brasileiro – um diferencial que o mundo precisava conhecer e, quem sabe, tomar como exemplo.
Foi através da Osklen, marca que idealizou, materializou e assinou coleções – atualmente ele é o seu diretor criativo – que roupas e acessórios apresentaram na passarela e em vitrines de lojas próprias, um vestir de “bem com a vida” – mas, atenção! – não alienadas da realidade. Também foi com a moda que Oskar Metsavaht carimbou passagem para a Amazônia e através da utilização de matéria-prima sustentável, colhida na região, costurou vestidos, túnicas, saias, calças, camisetas, bolsas e calçados. Peças que ao mesmo tempo em que alertavam para a necessidade de preservação do meio ambiente, eram etiquetadas com valores extras que lhes deram proeminência no mercado internacional. Uma preciosa fonte geradora de inspiração e concretude que a Osklen mantém como compromisso de responsabilidade ecológica e social no desenvolvimento de coleções. Sob os ditames da filosofia ASAP – as sustainable as possible, as soon as possible.
O criativo e inquieto artista que habita no cidadão Oskar Metsavaht continua firme no cargo de “amo e senhor” de suas feituras. Sob as suas ordens ele gerou, em 2018, o studio OM.art, no qual está em cartaz até o próximo dia 03 de novembro, a exposição “Neotropical – fragmentos de memória”, uma assemblage de estudos e obras em diversas plataformas e períodos, segundo a interpretação do seu autor, sobre uma Ipanema tanto idílica quanto concreta.
Trabalhos recentes de Metsavaht compõem a mostra, inspirados em fotografias e filmes em 16mm que ele produziu há alguns anos, onde revisita o bairro, onipresente em sua trajetória. Com o olhar atento, busca por texturas e formas de uma paisagem sempre em movimento e onde contrastes do mundo moderno e a natureza convivem em seus limites. Fragmentos de memória, que a lente da câmera capturou através de sua ótica e ficaram impressos em películas.
A série de pinturas, criadas exclusivamente para a mostra, traz como contraste o preto e o branco, com pequenas intervenções de cor. Parecem fragmentos de filme. A série de fotos traz a natureza, a vida das pessoas que passam pelo bairro, com muitos detalhes e focos que captaram a atenção do autor.
A exposição “NeoTropical”, além de refletir o estilo de vida carioca, é um microcosmo da geografia de contrastes da cidade. Resultado da observação da movimentação de pessoas, da vida urbana e seus códigos.
Para a videoinstalação, Oskar faz uma sobreposição de imagens usando diferentes projetores. O artista fez toda a captação em filme e a sua montagem manual, contando, através de seu imaginário, histórias cotidianas.
ONDE ESTÁ
‘NEOTROPICAL – fragmentos de memória’”
Oskar Metsavaht
studio OM.art
Rua Jardim Botânico, 997, Rio de Janeiro
Até 03 de novembro
3ª a 6ª, 11h as 18h; sábados, 12h as 20h, domingos, 10h as 18h