Linkultura

por Nereide Michel em 12/09/2022

Angélica Ripari tem na literatura um veículo para expressar o seu comprometimento com a cultura paranaense. Ela é a autora do livro ‘Mestre Zeca – fandango pra não morrer” e lançou no dia 3 de setembro sua segunda obra:  “A vampira de Paranaguá”, uma adaptação de ‘O vampiro de Curitiba’, do curitibano Dalton Trevisan. O evento aconteceu na Casa Santo Antônio, Centro Histórico de Paranaguá.  

 O livro de Trevisan, publicado em 1965, é um dos favoritos da escritora, que deu a sua visão sobre o “vampiro” – que trata as mulheres como caça em suas relações – ao explorar como uma das suas vítimas repete as ações de seu algoz. “A vampira de Paranaguá se torna uma ficção quase que absurda, mas, de alguma forma, dialoga com algumas vontades internas de quando somos vítimas desses processos, e de como é possível se utilizar da linguagem artística para não precisar descontar na realidade”, define Angélica.

Mestra em ciências sociais e professora de sociologia da rede pública do Paraná, Angélica Ripari ressalta que começou a produção há mais ou menos um ano, em meio a pandemia. “Quando li o livro do Trevisan pela primeira vez, achei que era uma crítica que quebra as regras, que expõe com realismo. Anos depois resolvi ler novamente e me incomodou muito essa narrativa, que se porta como uma crítica, mas que reforça determinados comportamentos. E que em momento algum há uma perspectiva da mulher, ela é passiva, tem que aceitar esse “heroísmo”, e como leitora deve apenas reavivar aquela ameaça constante”, reforça a autora.

A obra ‘A vampira de Paranaguá’ é apoiada pela Prefeitura de Paranaguá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secultur), com recursos da Lei Aldir Blanc. O livro tem ilustrações da artista Juliana Gatto. A edição é da Balanço da Canoa com distribuição gratuita.