Linkultura

por Nereide Michel em 20/09/2022

O Brasil já celebrou dois séculos de sua Independência – 7 de setembro de 2022, segundo o calendário e os livros de História . Uma data que, sem dúvida, merece ser comemorada principalmente diante da necessidade de um engrandecimento de identidade de sua população. Mas a pergunta ainda está no ar: – ” Independência” ? 

O grito que ainda falta?

O cineasta e diretor Luiz Fernando Carvalho assumiu o comando de uma das mais impactantes comemorações do bicentenário evento histórico. Um projeto encampado pela TV Cultural, que embora estatal deixou o projeto correr livre, solto e, é claro, independente. O resultado não poderia ser mais instigante, original e reflexivo. Uma obra de arte com peso para balançar a já consagrada tela de Pedro Américo, a oficial dos acontecimentos. “Independências” é uma minissérie televisava com 16 episódios que a emissora está exibindo toda quarta-feira, às 22h. O que ela tem de diferente? Tudo! A começar por mostrar os fatos, como os registrados nos compêndios, de uma forma sutil, dando holofotes para sentimentos, emoções e comportamentos dos anos que precederam o incensado grito do Ipiranga. Criatividade e ousadia, aliás, são marcas registradas de Luiz Fernando Carvalho – basta citar seus trabalhos para a Globo, como  “Hoje é dia de Maria”, ‘Capitu’ e  ‘A Pedra do Reino’ – e não poderia ser diferente diante de um tema com tantas portas e janelas escancaradas para a curiosidade de quem busca respostas e não versões. 

O PROJETO

“Independências” é resultado de  um trabalho colaborativo que levou um ano e meio para a pesquisa, criação e realização. A ideia do projeto surgiu na TV Cultura  a partir de uma pesquisa inicial realizada pelo jornalista José Antonio Severo. A minissérie foi desenvolvida por Luiz Fernando em parceria com o dramaturgo Luís Alberto de Abreu, com quem o diretor já realizou ‘Hoje é dia de Maria’, ‘Capitu’, ‘A Pedra do Reino’, entre outras. O projeto foi escrito por Luis Alberto, com roteiro de Paulo Garfunkel, Alex Moletta e Melina Dalboni. A equipe de colaboradores foi composta por Kaká Werá Djecupé, Ynaê Lopes dos Santos, Cidinha da Silva e Tiganá Santana. A tradução para o Kimbundu – sim, prepare os seus ouvidos para novos e desconhecidos fonemas –  ficou a cargo do professor Niyi Monanzambi (UFBA)

Walderez de Barros, Maria I, interpretação visceral.

 Um projeto interpretado por um elenco que reúne atores e atrizes estreladas e que abraçaram com idealismo pátrio o “Independências”: Antônio Fagundes, Daniel de Oliveira, Walderez de Barros, Maria Fernanda Cândido, Jussara Freire, Jéa Garcia, Fafá de Belém, Margareth Menezes, entre outros.

O direito de ser quem se é. Grito atual.

LANÇAMENTO

O primeiro capítulo de “Independências” coincidiu com o 7 de setembro. Segundo destaca José Roberto Maluf, presidente da TV Cultura, ” a emissora foi a única emissora brasileira a fazer uma produção pelo bicentenário da independência do Brasil, transmitida em TV aberta para todo o país. Uma grande responsabilidade com a missão de levar cultura e conhecimento aos cidadãos”. Sem medo de sacudir mentes acomodadas.

Em Curitiba, o lançamento da minissérie aconteceu no Museu Guido Viaro, dia 16 de setembro, com as presenças de representantes do Grupo Uninter, que administra a TV Profissão, emissora filiada à TV Cultura, além do vice-presidente da TV Cultura, Enéas Carlos Pereira e João Carlos Peters, presidente do Conselho da TV Profissão de Curitiba e Jorge Bernardi, vice-reitor da Uninter.