por Nereide Michel em 18/04/2018
Militante e polêmica. Angela Davis foi um dos personagens emblemáticos das revoluções sociais e culturais que marcaram a civilização ocidental nos anos 60 e 70. Participante dos movimentos feministas e negros – pertenceu ao radical grupo Panteras Negras – que sacudiram os Estados Unidos e despertaram muitas consciências adormecidas, ela foi lembrada na Primavera/Verão 2018/19 da Prada. A marca, uma das mais longevas do mercado da moda, surgiu em 1913, como fabricante de couro, imprimiu em várias peças a imagem da ativista norte-americana. Mas não apenas ela mereceu tal deferência. Outras mulheres empoderadas – incluindo heroínas de histórias em quadrinho – pautaram a coleção resgatando a luta das mulheres para vencer preconceitos e superar limitações numa sociedade machista.
Os looks não poderiam ter inspiração mais recorrente – o “passado presente” continua a imperar nos lançamentos da passarela internacional. Miuccia Prada, neta dos fundadores da marca, à frente do estilo da grife, continua fiel ao seu conceito do vestir atual: pinceladas de décadas anteriores inseridas nas expectativas contemporâneas. Afinal, a luta continua!
A forte presença de estampas, extraídas de desenhos animados e quadrinhos, foi a maneira de Miuccia Prada revelar os traços fortes da mulher empoderada nos dias de hoje – que começaram a brigar por este título nos anos 60 e 70. Oito artistas, que se intercalam na elaboração da comunicação visual da marca, criaram imagens para a coleção: Brigid Elva, Joëlle Jones, Stellar Leuna, Giuliana Maldini, Natsume Ono, Emma Ríos, Trina Robbins e Fiona Staples. Inspiração coletiva na pioneira Tarpé Mills, autora de Miss Fury – a primeira tira de ação com uma mulher como heroína. Mais indicativa impossível da temática seguida pela Prada para a Primavera/Verão 2018/19.
MILÃO/CURITIBA
A loja da Prada no Pátio Batel reuniu convidadas especiais em um evento, realizado no dia 13 de abril, para apresentar a “empoderada” coleção da marca para a temporada Primavera/Verão 2018/19. Looks destacados do desfile em Milão foram descritos – com dicas de produção – por Romeo Bonaldio Júnior, diretor de operações de varejo Prada e Miu Miu às clientes curitibanas.
Saia lápis é o coringa do guarda-roupa feminino. Prática e chique. Malha Shetland – poderosa com aranhas capturadas dos quadrinhos – comanda a sobreposição de peças.
O casual short acompanha várias opções de looks. As meias são onipresentes nas coleções da Prada. A marca foi pioneira em calça-las com sandálias.
Saia com muito pano e movimento. A gola da camisa inverte sua posição. Faixa na área do busto, símbolo da repressão à sexualidade feminina. Estampas inspiradas nas heroínas dos comics.