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por Nereide Michel em 27/03/2023

Quem ainda não viu tem a oportunidade para até 23 de abril mergulhar em um universo que, embora nos seja tão familiar e rotineiro, parece correr paralelamente ao nosso cotidiano. E quem já viu tem esse mesmo prazo para descobrir as minúcias perdidas, em uma primeira visita, de um grandioso trabalho que extrapola as miudezas da vida.

Wagner Roger

O lembrete é para a inédita exposição de Efigênia Rolim e Hélio Leites, artistas populares em sua essência,  “Os Significadores do Insignificante”, do Museu de Arte Contemporânea, que teve sua data prorrogada por mais quatro semanas, nas salas 7 e 8, do Museu Oscar Niemeyer. O espaço foi cedido pelo MON ao MAC que está passando por reformas. O projeto tem autoria de Estela Sandrini, com curadoria de Dinah Ribas e Maria José Justino, que reuniram cerca de 260 obras, muitas mostradas ao público pela primeira vez, advindas de acervos institucionais e particulares.

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A exposição é uma oportunidade imperdível para testemunhar, ao vivo e a cores, uma cumplicidade, talvez inconsciente, entre dois artistas unidos pela mesma inspiração – ou necessidade de sacudir mentes adormecidas e ignorantes ante a beleza intrínseca existente na simplicidade de pequenas coisas. Que tal um papel de bala? Ou uma caixinha de fósforo? Efigênia Rolim e Hélio Leites são celebrados no cenário cultural brasileiro justamente pela originalidade dos materiais que ganham forma e conteúdo pelas suas mãos. Saem da imaginação para a realidade carregando histórias e poesias.  

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Um marco provocou uma revolução na vida de Efigênia Rolim: estava catando resíduo nas ruas da capital paranaense e um objeto brilhante chamou a sua atenção, ela pensou que fosse uma joia e quando viu que era um papel de bala, ficou triste e decepcionada. Em seguida refletiu e percebeu que se tratava de algo melhor que uma joia: “um mísero caído”. A artista traça um paralelo entre um caramelo e a vida humana, comenta que o caramelo tem muito valor quando está embalado e, após ser saboreado, o papel é descartado sem nenhuma atenção.

Hélio Leites ficou conhecido pela criação do seu Museu Casa do Botão, museu ambulante que tem o próprio corpo do artista e suas vestes como suportes. Fácil de transportar, fácil ao acesso do público, basta um encontro com o artista. Um museu que pode se apresentar no mundo inteiro, apenas passagem e estadia para o artista. Ele é o próprio curador. Já se apresentou em Portugal, na Alemanha, no México, no Paraguai, além de inúmeras apresentações em Curitiba e em outras paragens do Brasil.

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A exposição apresenta a importância artística e a trajetória de Efigênia Rolim e Hélio Leites, porém que extrapolam as artes visuais. Ambos são objeto de teses acadêmicas também nas áreas de filosofia e sociologia. O escritor e poeta Paulo Leminski (1944-1989), que inspirou o título deste projeto, ressaltou: “Na área do artesanato que não desaparece diante da indústria, o que temos é o aproveitamento de materiais não nobres, ‘esculturas’ feitas em cordas, papel jornal, raízes de árvore, lixo e o diabo. Hoje admite-se que qualquer material pode servir de suporte para a experiência artística ou de veículo de expressão”, disse o poeta.

E quem não pensa ou pensará de igual maneira após visitar detalhadamente a exposição – com a lupa da emoção – a obra de Efigênia Rolim e Hélio Leites? Concreta, composta por materiais cotidianos, fluída por deixar a cargo da imaginação alheia o significado de cada peça.

+ INFOS

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OS SIGNIFICADORES DO INSIGNIFICANTE

 Efigênia Rolim e Hélio Leites

Museu Oscar Niemeyer, salas 8 e 9

Até 23 de abril

De terça a domingo

10h às 17h30 (permanência até 18h)

R$ 30,00

R$ 15,00 (meia-entrada)

Venda de ingressos até 17h30

Ingressos e horários especiais:

Entrada franca todas as quartas para o público geral.

Entrada gratuita: menores de 12 anos e maiores de 60 anos.

Dias 05 e 19 de abril: Oficinas com o Educativo do MAC-PR

Horário: 14h às 16h30

Sala 8

Quintas: Encontro com Hélio Leites

Horário: 15h às 16h