por Nereide Michel em 22/08/2023
A história da Havaianas começou com uma certa e despretensiosa humildade. Ela só queria estar nos pés dos brasileiros com uma proposta de conforto cotidiano. Para isso, teve que se apresentar, para vencer desconfianças, como uma “sandália de borracha que não tem cheiro e nem solta as tiras”. Valeu o empenho. Quando nos anos 80 e 90 as passarelas da moda brasileira ganharam impacto junto ao consumidor, campanhas e ações nos bastidores de eventos, como São Paulo Fashion Week e Fashion Rio, contribuíram para transformá-la em um produto “fashion” e cheio de personalidade, graças às customizações – entre estas, a colocação de pins distribuídos nas semanas de moda. Não tardou para que carimbasse passaporte para acompanhar os passos de adeptos em points internacionais – principalmente no circuito Milão, Paris e Londres. A sandália de borracha virou objeto de desejo ao redor do mundo.

Ativação na WOW/Madrid
O Verão 2023 no hemisfério norte confirma que a paixão globalizada pelas Havaianas continua em ascensão. A marca foi alvo de dezenas de ativações em países como França, Itália, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos, incluindo eventos, vitrines e pop-up stores em grandes centros de compras. Como destaca Maria Fernanda Albuquerque, VP global de Marketing da marca, ” fora do Brasil, além de referência de brasilidade, ela também é um statement fashion, um estilo de vida.”
VITRINES INTERNACIONAIS

Ação ocupa sete vitrines na italiana La Rinascente.
Nos Estados Unidos, a Havaianas participou do Revolve Festival, em Palm Springs e está com lojas shop in shop na Nordstrom e Bloomingdales, até agosto. Na Europa, para o lançamento da coleção, feita em parceria com a atriz Barbie Ferreira, a primeira collab com uma celebridade internacional, a atriz ícone da Gen-Z esteve na pop-up store de Havaianas nas Galeries Lafayette, em Paris, para receber celebridades e imprensa. Na Itália, as lojas La Rinascente de Roma e Florença ganharam vitrines e ativações no interior da loja. A inglesa rede Selfridges e a espanhola Wow também ganharam vitrines e ativações. Para os próximos meses, as ações chegam a pontos mais distantes, como Tailândia, Filipinas, Indonésia e Austrália.

Vitrine na La Rinascente

Pop up store na parisiense Galeria Lafayette. Divulgação

WOW, em Madrid.

Na inglesa Selfridges,. Divulgação

Vitrine da Selfridges. Divulgação

Citadium, Paris. Divulgação
ESTRATÉGIAS DO SUCESSO
Na primeira década do século XXI, as Havaianas já poderiam ser vista em mais de uma centena de países. Mas quais as estratégias utilizadas para transformar um produto tão prosaico em símbolo brasileiro no exterior? A resposta está no livro “Havaianas: A internacionalização de um ícone brasileiro”, assinado por Alexandre Utino, Eduardo Bissoli, Renato Pinheiro e Sérgio Sanches. Quatro executivos que trabalharam na expansão da marca e que revelam os bastidores de todo o trajeto feito pela Alpargatas, proprietária do “chinelo de dedo”, das prateleiras de supermercado até a conquista do “fechado” mercado exterior. Quem diria que elas pisariam o tapete vermelho de Hollywood e ganhariam vitrines europeias?
Entre os anos 2000 e 2010, as vendas das Havaianas deram um salto estratosférico: passaram de 9 para mais de 80 países e chegaram aos pés de milhões de pessoas em 5 continentes. Um case amplamente estudado e debatido por especialistas de mercado. Atualmente a marca conta com mais de 900 lojas espalhadas pelos cinco continentes – entre franquias, próprias e distribuidores – estando presente em mais de 130 países e contabilizando mais de 350 mil pontos de venda apenas no Brasil.
“Diferenciar as Havaianas de sandálias baratas produzidas na Ásia, quando ainda não era conhecida no exterior foi um grande desafio. Mantivemos o foco na proposta de valor da marca que representávamos e, aos poucos, conseguimos transpor tais barreiras, firmando-a de fato numa nova categoria”, esclarece Alexandre Utino. Outro depoimento, esse de Eduardo Bissoli, lembra que durante muitos anos surgiram dúvidas se as Havaianas conseguiriam participar de eventos de repercussão internacional como o Oscar ou desfiles de moda badalados, como os de Nova Iorque. “No livro, explicamos os detalhes de como foi negociar e preparar a participação nestes eventos.”
Editado pela Lisbon International Press, “Havaianas. A internacionalização de um ícone brasileiro”, de Alexandre Utino, Eduardo Bissoli, Renato Pinheiro e Sérgio Sanches Lisbon, lançado em São Paulo, no dia 10 de agosto, pode ser adquirido https://www.livrohavaianas.com.br/ ou nas principais livrarias online do país.