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por Nereide Michel em 09/04/2025

CONVITE PARA VOAR

Zig Koch

Mais de 170 obras – muitas delas inéditas – compõem “Sobrevoo – Rogério Dias 80 anos”, exposição em cartaz no Museu de Arte Contemporânea (MAC), que provisoriamente está instalado na sala 9 do Museu Oscar Niemeyer. Com curadoria de Arthur L. do Carmo, a mostra celebra as oito décadas de vida e mais de cinco de produção de um dos artistas mais originais do Paraná. A proposta é oferecer ao visitante um sobrevoo sensível e abrangente pelo seu trabalho, destacando suas múltiplas fases e suportes.

Idealizada pela Singular Cultural, a exposição foi construída a partir de um importante esforço coletivo: obras pertencentes ao acervo do próprio MAC dialogam com peças vindas de importantes galerias de arte de Curitiba, colecionadores particulares e do próprio artista, que generosamente cedeu trabalhos e registros que ampliam a leitura de sua trajetória. A montagem aposta em uma abordagem não linear, permitindo que os diferentes momentos de sua produção se entrelacem por meio de temas recorrentes como a cor, a paisagem, a natureza, a memória e a liberdade.

Selma Albano

Rogério Dias é conhecido por sua inventividade formal e coerência poética. Desde os anos 1970, desenvolveu uma linguagem visual marcada pela exuberância cromática, pela valorização de materiais cotidianos e por uma postura artística independente, sempre à margem de modismos e fórmulas fáceis. Sua obra inclui pinturas, aquarelas, colagens, esculturas, objetos e estudos, como os que antecederam o Painel Iguaçu – grande mural ladrilhado localizado no Centro Cívico de Curitiba, uma de suas obras públicas mais conhecidas.

ONDE ESTÁ

“SOBREVOO – ROGÉRIO DIAS 80 ANOS”

Museu Oscar Niemeyer

Sala 9 (Museu de Arte Contemporânea do Paraná)

Mal. Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba

Até 27 de julho 

Terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até 17h30)

Entrada gratuita: quartas-feiras

IMAGEM DAS PALAVRAS

“Minha escura XV”

Belmiro Santos exterioriza a sua arte através de duas formas de expressão: a pintura e a literatura. Uma complementa a outra na medida que o artista cria um canal de comunicação entre elas. O resultado: imagens e palavras se unem para retratar a realidade de uma forma impactante e nem sempre palatável.

“Indivíduo cassete -Para o caso de você ser milionário”

As tintas dos seus quadros – vibrantes e impactantes –  refletem a vida do passado, presente e do futuro. Não surpreendem que espelhem o conteúdo de um livro de sua autoria. O cordão umbilical, que une as obras pictórica e literária, torna-se tangível em uma exposição que acontece de 7 a 27 de junho do Museu de Arte, em Cascavel. Nela, temáticas dos quadros se entrelaçam com frases extraídas do recém-lançado livro “O Choque da Neve” – memórias de uma gélida Curitiba – autografado por Belmiro na abertura da exposição.

ONDE ESTÁ

EXPOSIÇÃO BELMIRO SANTOS

MAC – Museu de Arte de Cascavel

Rua Mato Grosso, 2909, Centro, Cascavel

Até 27 de junho

MULHER E NATUREZA – SIMBIOSE

Divulgação / Artestil

“Personificação da Natureza” batiza a exposição do artista plástico paranaense Dhi Ferreira que poderá ser visitada na Artestil Galeria de Arte, no bairro Cabral, até 21 de junho. As pinturas em óleo sobre tela propõem uma imersão sensível na relação entre o ser humano -especialmente o feminino – e os ciclos da natureza. Com uma paleta vibrante e formas fluídas, o artista evoca imagens oníricas onde mulher, flores, frutos e paisagens se fundem em só corpo simbiótico.

Dhi Ferreira vê o feminino como um universo vasto, complexo e misterioso, que extrapola os papéis sociais que historicamente lhe foram atribuídos. Segundo ele, “a mulher, a terra com suas flores e frutos, são uma coisa só. É a mesma  natureza desdobrando-se, comunicando entre si. Cada um desses elementos tem, potencialmente, a maravilhosa capacidade de criar sem condicionamentos em um espaço onírico a própria criação se torna o único ato puramente libertário.”

ONDE ESTÁ

“PERSONIFICAÇÃO DA NATUREZA”

DHI FERREIRA

Artestil Galeria de Arte

Avenida Nossa Senhora da Luz, 850, Cabral, Curitiba

De segunda a sexta das 9h30 às 18h30 e aos sábados, das 9h30 às 13h30

Até 21 de junho

DE FLORES E SONHOS

Divulgação / Artestil Galeria de Arte

A exposição “Jardins” marca os 45 anos de trajetória nas artes visuais do catarinense Caio Borges. Uma data comemorada em Curitiba pela Artestil Galeria de Arte que está expondo 27 obras inéditas do artista em técnica acrílica sobre tela, além de poemas autorais que dialogam com a sua produção. Trabalhos de uma fase madura e introspectiva envolvida com a temática flores e uma atmosfera onírica. Uma aura de prazer e liberdade criativa que atravessa décadas e se reflete nas obras que compõem a mostra: jardins coloridos, fragmentos da Mata Atlântica, imagens figurativas e abstratas – plenos de sensibilidade, memória e contemplação

 Autodidata, Caio iniciou sua relação com a arte ainda na infância, desenhando e pintando com uma curiosidade quase lúdica, uma característica presente ainda hoje nos seus quadros. Aos 22 anos, o artista participou de exposições no Rio de Janeiro quando recebeu o prêmio “Artista de Barro” pela Tapeçarte. A partir desta primeira escala nacional, consolidou uma sólida carreira internacional com mostras em Portugal, Grécia, Itália, França, Estados Unidos e Rússia. Em 2018, estabeleceu-se nos Estados Unidos, inicialmente em Seattle, e depois em Miami, onde abriu uma galeria e ateliê. Hoje vive e materializa sua arte em Florianópolis, cercado pela Mata Atlântica, o que reforça ainda mais a sua inspiradora conexão com a natureza.

ONDE ESTÁ

“JARDINS”

“CAIO BORGES – 45 anos de arte”

Artestil, Galeria de Arte

Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1663, Batel, Curitiba

Até 11 de junho 

 De segunda a sexta-feira das 9h30 às 18h30, aos sábados das 9h30 às 13h30

 

ARTE CONTESTATÓRIA

Lucas Mello Nogueira

 Artista intermídia, prolixo, inventivo, contestador, vanguardista, indômito, Nelson Leirner é celebrado na exposição “Nelson Leirner: Parque de Diversões”, sua primeira mostra individual póstuma, em cartaz na CAIXA Cultural Curitiba. Reunindo mais de 70 obras criadas nos seus últimos 20 anos de vida – ele faleceu em 2020 –  a mostra, inédita no Sul do Brasil, compreende esculturas, pinturas, tapeçarias, colagens, fotografias e objetos que representam o seu impactante processo transgressor.

Lucas Mello Nogueira

Segundo informa Agnaldo Farias, curador da exposição, a mostra também inclui exemplares de séries e ações importantes, realizadas nos anos 1960 e 1970. “A mostra dedica-se a reapresentar uma obra superlativa e seminal, predicados decorrentes de sua densidade crítica, se alimentando de aspectos da vida cotidiana, mas não só, discutindo também a figura do artista, a natureza da obra de arte e a sobredeterminação de ambos pela história”.

Dentro da mostra, o público também confere a instalação “Mirantes: mirando Nelson Leirner”, de Stela Barbieri, que foi aluna de Leirner em cursos livres durante os anos 1980. A artista embute nesta obra artística um convite ao exercício da atenção e da experiência, uma viagem enlevada por materiais e instrumentos que culminam na construção de lugares. Mirantes que contemplam o mundo ao redor, a partir de perspectivas e ângulos que fogem do comum, dando margem à fertil substância das surpresas. Na instalação, Stela Barbieri utiliza técnica mista, com desenhos em nanquim, tinta acrílica e o uso de carrinhos de ferro, platôs de madeira, estacas de madeira, tecidos e lãs.

ONDE ESTÁ

“NELSON LEIRNER: PARQUE DE DIVERSÕES”

CAIXA Cultural Curitiba

Rua Conselheiro Laurindo, 280,  Centro

 Até 29 de junho

De terça-feira a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 19h

Entrada gratuita

ARREDORES

Divulgação

A exposição “Matéria ao Redor”, de Ciça Tucunduva, reunindo 11 obras produzidas a partir de 2023, está em cartaz no na CAIXA Cultural Curitiba. Na mostra, a artista reflete sobre as suas experimentações com textura, cor, forma e espaço explorando a relação entre pintura, natureza e o impacto da produção artística. A série de monocromáticos apresentada na exposição marca uma nova fase em seu trabalho, caracterizada por uma abordagem mais complexa, diversificada e experimental.

Tanto figurativas quanto abstratas, as imagens nascem da observação da natureza a partir das janelas do ateliê da artista e das paisagens do cotidiano. Sua transposição para a tela ocorre por meio da técnica do esgrafito, em que a forma se revela pela raspagem da camada superior de tinta com pincel ou espátula — o mesmo recurso explorado por artistas como Rodrigo Andrade e Miguel Bakun.

Relíquias. Divulgação

Além do impacto visual, o trabalho de Ciça estabelece um diálogo com a economia circular, refletindo sobre a geração de resíduos na produção artística. Esse conceito se manifesta em obras como o tríptico Relíquias (2024), em que restos de paletas de tinta em resina se transformam em objetos ovalados, evocando desde mapas mundi até porta-joias de veludo vermelho. As resinas não polidas e o acúmulo de tinta gerado no processo são reaproveitados para dar origem a novas obras.

ONDE ESTÁ

MATÉRIA AO REDOR

Ciça Tucunduva

CAIXA Cultural Curitiba

Rua Conselheiro Laurindo, 280 Centro        

Até 8 de junho

De terça a sábado, das 10h às 20h, domingos e feriados das 10h às 19h

Classificação: Livre