por Nereide Michel em 05/03/2013
As aves de Rogério Dias pousaram delicadamente nas páginas de um livro. Sem perder a expressividade de um voo de asas liberadas às brisas. Presenças obrigatórias na obra de um dos pintores paranaenses com maior identificação com a sua temática, elas não poderiam ficar ausentes nem do título e nem da imagem ilustrativa da capa da obra que registra vida e arte de Rogério Dias. O texto, assinado pela jornalista Adélia Lopes, segue – haja investigação e indagação! – passos miúdos e graúdos do personagem retratado em AVE, Rogério!
O livro, lançado num domingo, o último de fevereiro de 2013, no Solar do Rosário, conta que o artista dos pássaros nasceu em Jacarezinho, em casa com quintal, que abrigava uma gralha azul. Chega a Curitiba em 1965, e começa a viver novas experimentações. Aos poucos, se deixa levar por voos que fazem tirar os pés do chão – e não exclusivamente os seus. É só buscar nas páginas do livro a trajetória de quem muitos consideram, com bons motivos, tratar-se de um dos nossos pintores mais pop. Pop é abreviatura de popular, no caso de Rogério isso não significa – mas poderia significar – perseguição sem trégua de fãs pelas ruas da cidade. Mas por transitar também em um setor de forte apelo popular, a moda. O seu jeito de dar formas e cores às aves atraiu o artista para o meio fashion: pássaros com a sua assinatura estamparam uma coleção da Lagoon, marca paranaense de praia, mostrada na 4ª edição do Curitiba Fashion Art.
Aliás, a moda já é uma conhecida sua de longa data: já customizou retalhos de brim, que colou na parede do quarto de bebê de Guilherme, filho nascido em 1980. E, num certo dia, escreve Adélia Lopes, seu olhar foi atiçado pelos tecidos expostos nas vitrines das Casas Pernambucanas – seria a da Praça Tiradentes? – cujos desenhos se repetiam…. Uma inspiração para um novo modo de trabalhar, que não poderia ser a de um copiador, mas o de um artista que subverteu motivos monótonos, dando vida a tiras ágeis onde aves ora se bicam, ora se distanciam, sem perder o equilíbrio que comove. Esta convivência com o universo da moda lhe deu naturalidade para que a chegada de AVE, Rogério! seja acompanhada de outros produtos alusivos à sua obra, como camisetas e almofadas. Uma aproximação louvável com um público não afeito às intimidades culturais, mas que pode sim se deixar levar, de outras maneiras, por seus voos entendendo assim a importância de ter a arte onipresente no seu cotidiano. (Nereide Michel)
Ave, Rogério! pode ser adquirido no Solar do Rosário (Rua Duque de Caxias, 4, São Francisco) que também tem no seu acervo obras de Rogério Dias. O livro resultou de projeto elaborado por Mônica Drummond (Lei Municipal de Incentivo à Cultura) e tem fotos de Nego Miranda.