por Nereide Michel em 02/11/2022
A delicadeza dos sentimentos direciona o olhar de Bia Nauiack, uma fotógrafa especializada em arquitetura, no registro dos seus trabalhos O contraste entre linhas concretas e geométricas, presentes em desenhos de casas e edifícios, e a suavidade etérea dos contornos de uma flor não causa nenhuma estranheza. Afinal, é a partir dele que se pode mirar a infinitude dos céus sem desgrudar os pés do chão deixando a inspiração fluir através “da percepção do eu, do outro e do mundo”, segundo palavras de Bia. Uma multiplicidade de referências guia a artista em suas criações: bordados e frivolitê de sua avó, os tricôs da sua mãe, os crochês da sua tia avó, Van Gogh, Helene Binet, Burle Marx, Julius Shulman, Vívian Maier, Ludwig Mies van der Rohe e artistas florais como Nicole Land e outros.

Bia Nauiack
A materialidade das intenções de Bia Nauiack, ao reger os comandos de sua câmera fotográfica, foi reunida em uma exposição que está em cartaz na Moldura Minuto Espaço Curitiba até o próximo dia 16 de novembro. A mostra inclui três séries, na “P.S.: Eu te amo”, as imagens do céu expressam justamente a sua relação com o seu universo interior e convivências – nelas, estão interferências bordadas à mão, com fios de seda, que despertam a atenção justamente para o que seria apagado em fotografias tradicionais. São peças únicas que revelam traços da imperfeição, evidenciando assim o cotidiano. “É um trabalho sentido nos defeitos que queremos apagar em nós e nos outros, assim como os fios de luz nas fotografias de arquitetura. Decidi “apagá-los” com fios de seda, criando pixels com os nós dos fios, deixando-os presente. Os fios foram escolhidos conforme a cor do céu, cada nozinho. Eles representam esse apagar e essa sombra que o nó faz com seu relevo, sobressaindo e cicatrizando”, observa a artista.

Bia Nauiack / Foto Daniel Katz
“Esperança” e “Equilíbrio”, vertentes da série “P.S.: Eu te amo”, complementam a exposição de Bia Nauiack, cada uma com um foco específico. “Esperança” surgiu durante a pandemia e retrata a espera pelas coisas boas. “O momento de espera nos faz contemplar, desejar, planejar para se permitir realizar. E as fotos expressam esse sentimento, com flores e ramos que surgem de forma sutil, saindo da opacidade e ganhando a vivacidade das cores trazendo uma mistura de desejos, confiança e esperança na realização de coisas boas”, comenta a artista.
Já na “Equilíbrio”, a calma e a harmonia foram traduzidas nas imagens. Na definição da fotógrafa, “os caules que sustentam e alimentam a beleza da flor representam a corda que equilibra a vida. A série contempla flores representativas deste estado, trazendo a simbologia da harmonia ou do balanço harmônico e da temperança. A delicadeza das flores revela o equilíbrio entre luz e sombra, seguindo a caminhada do sol, buscando sua luz, em harmonia”.
ONDE ESTÁ
EXPOSIÇÃO BIA NAUIACK
Moldura Minuto Espaço Curitiba
Rua Alferes Ângelo Sampaio, 2333, Bigorrilho, Curitiba
Até dia 16 de novembro
De segunda a sexta, das 9h às 18, e aos sábados, das 9h às 13h
