por Nereide Michel em 12/04/2023
De forma generalizada cada país tem a sua bebida típica nascida tanto na tradição cultural como na atividade que fomentou o seu desenvolvimento econômico. Nos ingredientes que a compõem e nas especificações do seu rótulo estão importantes registros de sua história. A francesa Champagne, a mexicana Tequila, o peruano Pisco, o escocês Whisky, o espanhol Xerez, a italiana Grappa, o caribenho Rum, e, é claro, a brasileira Cachaça, estão entre as bebidas nacionais que conquistaram adeptos além de suas fronteiras, graças ao aperfeiçoamento de suas elaborações no decorrer dos séculos. Internacionalizaram-se, sem perder a identidade, tem procedência reconhecida e se transformaram em cartão de visita de sua terra natal.

No caso da brasileira cachaça a sua origem está plantada no Ciclo da Cana-de-Açúcar, no século XVI, quando os portugueses sentiram a necessidade de acelerar o crescimento econômico do país através da produção do açúcar no Nordeste. A aguardente surgiu na época da destilação do melaço que não se cristalizava – uma criação atribuída por muitos historiadores aos escravos, que a utilizavam, inclusive, como parte de sua alimentação. A disseminação da bebida, que passou a ser fabricada do próprio caldo da cana-de-açúcar, encontrou berço para a depuração de suas fórmulas também em outras regiões do país, como as que incluem Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e litoral paranaense.
Declarada em 2008, Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco e em 2012, Patrimônio Histórico do Estado do Rio de Janeiro, recebeu reconhecimento oficial em 2016 quando o Congresso Nacional decretou a cachaça como Patrimônio Histórico e Cultural do país. Apesar de já existir um decreto de 2001 que confirmava a bebida como um produto genuinamente brasileiro.
Atualmente a cachaça acumula premiações internacionais. Os seus rótulos conquistaram status de Gourmet com especialistas recomendando a sua harmonização com pratos sofisticados e chefs elaborando receitas tendo a bebida como ingrediente principal.
BEBIDA CULT

Um templo para acolher os fiéis consumidores da cachaça foi inaugurado em março em Curitiba. Um salão que ocupa mais de 900m² , distribuído em três andares, janelas decoradas com vitrais e portas largas na entrada não deixam dúvidas do conceito de santuário embutido na proposta de Orlando Osmar Regis, idealizador do projeto e proprietário da Rede Cachaçaria Regui Brasil. Localizado na Avenida Salgado Filho, no bairro Uberaba, o Templo da Cachaça tem potencial para se transformar em novo ponto de atração turística da cidade.
Além de insumo para uma boa dose da segunda bebida mais consumida no Brasil, acessórios e utensílios para bartenders profissionais, ou para quem quer montar o próprio bar em casa, estão entre as opções oferecidas pelo Templo da Cachaça. A curadoria da seção de artigos de coquetelaria é da mixologista Cissa Mariah, responsável também pelos drinques autorais servidos no Drinkafé, que se encontra logo na entrada da casa. O espaço reúne mil rótulos da bebida vindos de todo o Brasil. A perspectiva é oferecer duas mil marcas até o final do ano.

Uma das delícias do menu do Drinkafé é o Amora Limão, preparado com cachaça Trivisan, uma das marcas mais vendidas no Paraná até 2008 – quando a fábrica foi desativada. Em 2019, a bebida retornou ao mercado graças à recuperação da marca pela família Regui Brasil que fez uma homenagem à aguardente no evento de inauguração do empreendimento apresentando uma edição limitada e comemorativa aos seus 100 anos.

MUSEU
Um túnel de 15 metros liga o segundo andar ao subsolo onde é possível conferir a coleção particular do empresário Orlando Osmar Regis, com mais de nove mil rótulos. A experiência é guiada pela própria família que mantém no espaço um alambique em miniatura para demonstrar todo o processo de produção da cachaça. Para complementar o tour, os visitantes ainda podem conhecer e experimentar a cana- de- açúcar diretamente de uma pequena plantação situada no quintal do estabelecimento.
Outra dica: no mezanino, um ambiente foi preparado para cursos, workshops e palestras sobre o universo das bebidas. A intenção é receber eventos gastronômicos, exposições, reuniões empresariais ligados ao universo do carro-chefe do Templo.
ONDE ESTÁ: Templo da Cachaça, Senador Salgado Filho, 3156, Uberaba, Curitiba. Agendamento de visitas de terça à sábado: (41) 99972-5055.
RÓTULOS PREMIADOS

Fundada em 1980 em Salinas, cidade do sertão de Minas Gerais, a Seleta conquistou a medalha de ouro no Global Spirits Masters 2023, que aconteceu em Londres A bebida contemplada foi a Seleta Antônio Rodrigues. Lançada em versão limitada, ela é envelhecida por sete anos em carvalho francês, o que lhe confere um aroma adocicado com notas de caramelo, uma aparência dourada brilhante e sabor intenso. Pode ser apreciada pura ou na elaboração de drinques. Essa não é a primeira vez que a Seleta Antônio Rodrigues conquista um prêmio: em 2021, ela foi finalista na categoria melhor destilado de cana-de-açúcar do mundo com envelhecimento que ultrapassa três anos, no International Sugarcane Spirits Awards. Também conquistou medalha de ouro em 2020 na 19º edição do Concurso de Vinhos e Destilados do Brasil.

A Pindorama, cujo nome significa em tupi-guarani, região das palmeiras ou terra livre do mal, fez sua estreia inicial, em 2017, no mercado português, devido às facilidades iniciais oferecidas pelo país. Nem bem foi lançada e já conquistou a medalha de prata no International Spirits Challenge, em Londres, em 2019. Em 2021, após um resultado consistente de vendas na Europa, a marca iniciou sua comercialização no Brasil. Em 2022, mais um título, o segundo lugar do V Ranking da Cúpula da Cachaça. Para marcar sua expansão, a marca lança Pindorama Ouro, uma cachaça suave, delicada e elegante. Possui cor amarelo-palha, acidez baixa e sensação aveludada na boca. O armazenamento feito em tonéis de Amburana lhe proporciona um aroma com notas adocicadas, que remetem a especiarias, baunilha e mel.
Originária da região localizada entre Vassouras e Morro Azul, interior do Rio de Janeiro, a Pindorama implementou iniciativas como o reflorestamento da área de produção no coração do Vale do Café. Através da agricultura sintrópica, foram plantadas espécies nativas da Mata Atlântica, cana-de-açúcar e milho não transgênico em consórcio próximo ao alambique. O objetivo é proteger o solo, além da criar uma estrutura para a geração de energia através do bagaço da cana.
NA COZINHA
A Pindorama Ouro é um dos ingredientes da receita Banarama, desenvolvida em parceria com o bartender Édson Silva.
BANARAMA
Ingredientes:
20 ml de caldo de cana fresco
15 ml de aguardente de banana
20 ml de cachaça Pindorama Gold (amburana)
10 ml de cachaça Pindora Prata
15 ml de suco de limão
15 ml de suco de abacaxi
Um chip salgado de banana desidratada
Preparo:
Juntar todos os ingredientes na coqueteleira (exceto chip de banana). Em seguida, bater a coqueteleira por alguns segundos e depois colocar tudo em um copo baixo com gelo. Por fim, decorar com o chip de banana. Sensorial: doce e levemente ácido.

“Por Trás da Boa Ideia”, lançado pela Cachaça 51, produzida pela Cia. Müller de Bebidas, contém 51 receitas de pratos e drinques que tem a bebida como ingrediente principal. A obra conta com a participação especial de dois embaixadores da marca: o chef de cozinha Batista, que participa da curadoria de 30 receitas de pratos, indo de entradas às sobremesas, e Leandro Santos, responsável pela elaboração de 21 receitas exclusivas de drinques.
O livro, que contempla receitas práticas e fáceis de fazer, está disponível em formato e-book e poderá ser baixado pelo site da Cia Müller de Bebidas . Além disso, é possível acompanhar o preparo de algumas das receitas nos perfis dos embaixadores Batista, Bruno Marossi, Helena Furtado, Larissa Januário, Leandro Santos, Lili Almeida, Luiz Horta, Marcus Cirillo, Matheus Fernandes, Rodrigo Adams e Vampeta.
