Linkultura

por Nereide Michel em 18/04/2023

Muito se fala, e com razão, do direito à liberdade de expressão –  manifestar livremente opiniões, ideias e pensamentos sem temer a censura. Direito conquistado por todos os que não ultrapassam a linha da injúria ou vestem a mentira com a toga da verdade.

O direito à liberdade de expressão também está intrínseca na decisão pessoal, por vocação, sensibilidade ou imperativo profissional, de comunicar sentimentos, vivências e informações. Não necessariamente ligados a uma determinada área de atuação profissional, mas na escolha de registrar no “falar por escrito” o que realmente importa para quem escreve em algum momento da sua vida.

Maria Isabel Maranhão Ritzmann, mais conhecida como Bebel, é múltipla em sua rotina profissional – jornalista, fotógrafa, dona de hostel , diretora de empresa de comunicação e da editora Selo Editorial Livros Legais, além de administradora de imóveis – mas, nem por isso, deixou de fazer valer o seu direito de escrever poesias. O seu livro ” Entrega” veio à luz em março deste ano e não deixa de ser uma agradável surpresa, para quem a conhece correndo de um lado para outro, quando se depara com o lado reflexivo, meditativo e plácido da autora. No folhear das páginas, palavras se posicionam em rimas para contar amores e angústias, encontros e desencontros. Aliás, livro de poesia tem esta vantagem, você o abre a esmo em qualquer página, nela há uma história completa sem prejuízo de continuidade do enredo. Uma experiência que é potencializada por Bebel diante da diversidade de inspirações que contextualizam a obra- vai de saudades, a bicicleta; de bar a samba; do esperar a não deixar partir. 

Como bem define Ernani Buchmann, presidente do Observatório da Cultura Paranaense e Cadeira nº 2 da Academia Paranaense de Letras, da qual foi presidente, no prefácio do livro, que intitulou “Poesia sem temores”, a poesia de Bebel Rizmann, “não se limita às fórmulas ou às métricas. Um poema pode estar próximo de um haicai, o seguinte tem ares de crônica, descortinando o cotidiano da autora. Juntos formam um todo uniforme, um retrato vívido de quem não admite limitações.”

Uma poesia que compartilha de boa companhia desde a impressão da obra. Além de Ernani Buchmann, a psicóloga Gisele Souza assina a sua apresentação  e a artista plástica Mercedes Ritzmann, mãe da autora, preencheu com a vibração das cores espaços onde poderiam persistir o silêncio. 

O curitibano Paulo A. M. Ribeiro, advogado, empreendedor digital no mundo jurídico e empreendedor social na Advocacia Pro Bono, se deu ao direito de buscar na ficção uma forma de fazer refletir sobre situações dramáticas registradas pela história brasileira e mundial. Seu livro, “Tragédias no teatro da vida”, lançado pelo Selo Editorial Livros Legais, em março deste ano, tem como pano de fundo a recente pandemia que assolou o planeta. Como esclarece o autor,  “o drama fictício e único de um chinês, paciente zero do vírus da Covid‐19, abre a primeira cena. Mas, no apagar das luzes vê‐se diante de uma nova tragédia mundial. O que pensar e fazer diante de uma tragédia? Xi Pin, infectado pelo vírus, tem diante de si um drama único. Não é o bastante. Uma nova tragédia é iminente.”

Para Paulo Ribeiro, “ler e escrever, depois de 40 anos de advocacia, foram fundamentais para a produção da obra. Hoje são prazeres”. Ele tem todo o direito de assumir os seus prazeres.

Socorro Lira nasceu na Paraíba e vive em São Paulo desde 2004. Formada em Psicologia Social pela Universidade Estadual da Paraíba, dedica-se à música desde 2001. Compositora, cantora, escritora e produtora cultural, sua discografia inclui quinze álbuns, DVD e singles. Foi premiada em 2012 e indicada em 2016 e 2017 ao Prêmio da Música Brasileira como melhor cantora na categoria regional. Também é apaixonada pelo cinema – já produziu e dirigiu os curtas “Aqui Tem Coco”, “Um dia em Caiana dos Crioulos” e “Zefa”. 

Um currículo semeado pela cultura e que lhe dá plenos direitos de contar a história de Ondina no livro “Falar dos Meus Amores Invisíveis” – seu primeiro romance em prosa. Lançado em 2020 foi reeditado este ano em português e em inglês, em uma parceria entre a Liraprocult Editorial e o Selo Editorial Livros Legais. A obra chega agora aos leitores nos formatos físico e E-book. Suas páginas contam a odisseia de uma mulher  em busca da superação ante as restrições impostas por um sistema patriarcal que agoniza e que, ainda assim, insiste em não ceder lugar a outras formas de viver mais favoráveis à vida, à natureza e à felicidade. Na descrição da autora, a personagem principal nasceu em uma determinada região do país e como todas as meninas  de sua cidade foi educada para o casamento, quase sempre inevitável, e exposta a todo tipo de condicionamento cultural. Sim, ainda há muito o que lutar pelo direito de uma mulher fazer as suas próprias escolhas.

Adriano Camargo Gomes é mestre em direito pela Universidade de Oxford e doutor em direito processual pela USP. No Direito, encontrou os recursos para defender os direitos inerentes aos cidadãos na multiplicidade de atividades profissionais que compõe o mapa econômico e social de um país. No início de abril, ele  lançou em Curitiba o livro “Ação de Reparação por Danos Concorrenciais”, resultado da sua tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo. Com mais de 600 páginas, a obra aborda aspectos teóricos e práticos para a propositura de ações de reparação de danos concorrenciais. O prefácio é do advogado e professor titular de direito processual da USP, Flávio Luiz Yarshell, que ressalta o pioneirismo e a relevância desse trabalho para o aperfeiçoamento do private enforcement no Brasil.

O livro, editado pela Quartier Latin,  é essencial para a análise da reparação de danos concorrenciais e trata de aspectos processuais e materiais relativos ao tema, dialogando com a jurisprudência dos tribunais.