por Nereide Michel em 19/11/2024
A ideia não poderia ser mais simples. O projeto, contudo, acomodou múltiplas intenções sendo que uma delas serviu de motor para materializar a proposta. Esferas azuis em grande quantidade para compartilhar uma obra com um bom número de pessoas – muitas assinaturas anônimas, mas essenciais, para que o Grupo Em-cadeira concluísse satisfatoriamente a sua mais recente performance: ParePegueEntreEntregue.

Patrícia Mattos
Barbara Haro, Isabela Picheth, Luiz Moreira, Luiza Urban e Priscilla Durigan integram o grupo En-cadeira, que, não é de hoje, costuma realizar performances pela cidade para dar uma sacudida lírica no público trabalhando temas dominantes da atualidade. Desta vez, durante semanas, os cinco artistas convidaram o público a participar ativamente da criação de uma obra formatada através de 10 mil esferas azuis, cada uma marcada com a inscrição “obra de arte”. Objetos lúdicos entregues aos transeuntes pelos autores originais, caracterizados como homens-placas, com a solicitação de que as levassem até o Solar do Barão. Uma etapa concluída no sábado, 9 de novembro, com uma impactante instalação coletiva que poderá ser conferida até domingo, dia 24 de novembro, na galeria a céu aberto em que se transformou o espaço cultural.
CENAS DA PERFORMANCE
Fotos: Patrícia Mattos
Vídeos exibidos em outdoors digitais e nos televisores dos ônibus instigaram a participação de público em diversas regiões da cidade, expandindo a discussão sobre “o que define um objeto de arte e como ele pode ocupar espaços públicos” – um dos focos intencionais do ParePegueEntreEntregue. A expectativa inicial da obra coletiva era que impactasse até 70 mil pessoas, incluindo estudantes, trabalhadores e apreciadores de arte – uma previsão que pode ter sido superada levando-se em consideração que inúmeras pessoas, mesmo não participando dela diretamente, não ficaram indiferentes à movimentação cultural ocorrida ao seu redor. Levaram consigo o simbolismo da ação.

Patrícia Mattos
Temas recorrentes da arte contemporânea, como o acesso e a democratização da cultura, enquanto tensiona as fronteiras entre museu e rua enraizaram a performance. A pesquisa do grupo investigou processos artísticos participativos, levantando reflexões sobre o alcance real da arte e a relação entre artista, obra e público. “O insistente convite para que o espectador adentre ao museu, por meio de várias ações inspiradas na publicidade, coloca em pauta a sempre debatida questão do acesso à arte, depositando seu destino (neste caso, a quantidade final de esferas na rede do museu) nas mãos de espectadores não familiarizados com a arte contemporânea”, define a crítica de arte Giovana Vespa, também autora do texto crítico que embasou a performance ParePegueEntreEntregue.
O projeto ParePegueEntreEntregue foi realizado com recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Mais informações www.grupoemcadeia.com/parepegueentreentregue
Site: grupoemcadeia.com