Linkultura

por Nereide Michel em 30/05/2025

A paranaense de Cascavel, Viviane Rosa, que em maio expôs 40 esculturas sob a temática “Vestígios”, na galeria Objeto Particular, na capital paulista, já é presença relevante no cenário da arte contemporânea brasileira. Autodidata, direcionou a sensibilidade inata para dar formas e tons em trabalhos nos quais utiliza objetos de reuso, como algodão, ferro, metal, além de uma massa de modelagem por ela desenvolvida. As dinâmicas do comportamento humano estão entre as fontes que originam suas obras – delas, Viviane Rosa captura gestos, vínculos e tensões transpondo-os para estruturas tridimensionais que dialogam com a materialidade e o intangível.

“Trama de Corpos”. Foto: Gabriel Sampaio.

Como as obras de sua autoria germinam? “Sou muito de observar formas, comportamentos e gestos. As minhas esculturas falam por si porque elas têm muito movimento. Você quase sente o que elas querem dizer. A arte para mim é instinto, é impulso, é matéria querendo virar alguma coisa”, esclarece Viviane Rosa.

“Fluxo Interno”. Foto: Gabriel Sampaio

O foco pouco comum do trabalho de Viviane Rosa despertou o interesse do publicitário e colecionador Sérgio Godoy, proprietário da Objeto Particular. “Vestígios” é a segunda individual da artista a ocupar o espaço, que abriga as mais diversas propostas de arte. Afinal, todos os objetos têm sua particularidade e contam uma história – daí surgir o nome da galeria, inaugurada em 2024. O objetivo do espaço, segundo seu idealizador, é de servir de vitrine para artistas contemporâneos com identidade brasileira. Tanto que a primeira exposição da Objeto Particular foi “Fauna na Arte Popular”, com 135 esculturas de madeira representando bichos vindas de várias regiões do Brasil. A primeira mostra individual foi “Uma Estranha Realidade”, com 40 obras inéditas entre pinturas, gravuras e objetos do artista visual e grafiteiro Alex Kaleb.

A ARTISTA E SUA OBRA

Hadrien Raitani

Nascida em 1981 em Cascavel, no Paraná, a artista visual Viviane Rosa trabalha esculturas e instalações nas quais utiliza 80% de materiais de reuso, além de uma matéria prima desenvolvida por ela, que inclui pó de vidro e algodão. Passou a infância em contato direto com a natureza. Desde cedo demonstrou aptidão para o artesanato e apaixonou-se pelas artes da marcenaria e a criação de móveis e objetos artísticos, produzidos por ela com técnicas elaboradas de forma autodidata. Em 2018, inaugurou a Casa Ondina, em São Paulo, onde mora, trabalha e expõe obras suas e de outros artistas.

Durante a pandemia, iniciou o processo de criação de esculturas produzidas com materiais de reuso e sua própria massa de modelagem. Suas primeiras séries foram tão bem recebidas que foi convidada a fazer uma coleção para a Le Lis Casa. Teve peças dispostas na loja do Instituto Inhotim e, em 2023, foi convidada a participar de uma exposição organizada pela bref, design & art, durante a Semana de Design de Paris.

ONDE ESTÁ

Galeria Objeto Particular

Rua Gustavo Teixeira, 362

Pacaembu, São Paulo, SP