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por Nereide Michel em 04/05/2015

“Viva Ciclicamente”, com este tema a edição Verão 2016 do Minas Trend – realizado pela FIEMG, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, de 07 a 11 de abril, em Belo Horizonte – integrou-se à essência da natureza. E esta nos mostra, com a troca sistemática das estações, que a vida se renova na medida em que os acontecimentos se repetem e dão consistência ao processo de crescimento e evolução dos que habitam neste planeta. Assim também é com a moda, que não deixa de expressar emoções e atitudes no jeito como veste o outono e o inverno – de uma forma mais aconchegante para se contrapor às baixas temperaturas e instabilidades climáticas – e a primavera e o verão, com as suas roupas que convidam à uma maior exposição do corpo, com os seus tecidos coloridos e leves, transparências e aberturas em vestidos, blusas e saias. Se cachecóis, luvas, botas e bijus mais discretas são os acessórios requisitados pela estação do frio, sandálias, echarpes, colares, anéis, pulseiras e brincos ganham cores e formas inusitadas. São parceiros dos dias ensolarados e das noites quentes.

Vermelho, laranja, amarelo e todas as nuances de uma cartela iluminada pelo sol ganharam destaque na passarela da 16ª edição do Minas Trend – afinal ela foi armada para dar as boas-vindas, antecipadamente, ao verão 2016. O desfile de abertura, assinado por Paulo Martinez, foi uma festa em homenagem ao astro-rei com um toque de nostalgia, que remeteu ao romantismo dos anos 30, 40, 50 quando o calendário – que ainda não conhecia o ritmo desenfreado da globalização – permitia inesquecíveis férias passadas à beira-mar. A brisa suave refrescava a pele e dava movimento aos tecidos que contornavam as curvas do corpo. E por que não reviver estes verões? As solares coleções apresentadas no Minas Trend revelam como isso é possível – é só deixar os ciclos da Natureza agirem.

A NATUREZA PINTA AS COLEÇÕES

Cores solares – vermelho, laranja, amarelo – iluminaram o Verão/16 de Mabel Magalhães, Lucas Magalhães, Madreperola e Faven. Mas azuis e verdes também foram transferidos da natureza para coleções que apontam para uma temporada na qual a paleta de tons vai brilhar com mais intensidade. Patrícia Motta privilegiou o salmão e Rogério Lima, os tons neutros em suas bolsas.

LUCAS MAGALHÃES

Os Beatniks, movimento sociocultural surgido no final dos anos 50 e início dos 60 inspirou o Verão/16 de Lucas Magalhães. A chamada Geração Beat, disseminada por Nova Iorque e São Francisco, está na raiz de outro movimento fortemente ligado à Natureza, o Hippie. O shape solto, menos colado ao corpo, vestidos mini com leve evasé na saia e mangas, calças cenoura e jaquetas remetem ao povo da paz, amor e flores.

MADREPEROLA

O  processo de criação de um artista é o fio condutor da coleção da marca mineira, que já completou três décadas de atividade. Contraste e convívio entre uma primorosa alfaiataria e uma silhueta extremamente feminina. A trama e o urdume são valorizados por transparências e sobreposições. Além da mistura de texturas, a concepção minimalista da Madreperola é enriquecida por tecidos naturais leves, como gazar e crepe de seda, retrabalhados manualmente a partir de dublagens, recortes a fio e bordados em tramas.

FAVEN

Assimetrias e um mix de tramas e texturas personalizam a coleção da Faven. Fluidez e transparência e peças criadas a partir de amarrações de lenços remetem a um descompromissado e charmoso verão. A cantora e compositora Joni Mitchell é uma das musas da grife, uma inspiração que casa bem com os toques de anos 70 e 80 percebidos nos looks. Shapes mais fluídos, fios transparentes e metalizados (lurex e rayon) com pontos rendados estão em evidência na coleção.

MABEL MAGALHÃES

O universo das musas do cinema das décadas de 50 e 60 foi o ponto de partida para o Verão/16 de Mabel Magalhães. A coleção Glam Appeal é uma homenagem à mulheres sofisticadamente sensuais, como Sophia Lauren, Brigitte Bardot e Anita Ekberg, que influenciaram a moda do seu tempo. Uma época traduzida pela estilista em saias afuniladas e volumosas e cinturas marcadas com cós alto. Shapes ultrafemininos desenham o corpo em modelos que não dispensam  pregas e laços.

PATRÍCIA MOTTA

Alegria expressa a essência do Verão/16 de Patrícia Motta, uma mestra na arte de trabalhar o couro. Cores doces misturadas a tons preciosos, como esmeralda, ametista e coral, transformam meninas em princesas. Shapes femininos, cinturas marcadas, fluidez nas saias, corselets e kaftans. Plissados, drapeados e muitas flores pontuam uma coleção que faz sonhar.

FABIANA MILAZZO

A cultura e a religião do Tibete servem de mote para o Verão/16 de Fabiana Milazzo, que carimbou passaporte também por outros destinos asiáticos, passou por Israel, Índia e Marrocos, para desenvolver uma luxuosa coleção. Aliás, os ricos e preciosos bordados são marca registrada da grife que, desta vez, apresentam formas geométricas numa alusão às tapeçarias e aos sânscritos, palavras em hebraico. O couro foi a surpresa que apontou na passarela e  deverá agradar a uma consumidora que aprecia um contraponto à leveza e à delicadeza comuns em roupas de festa. As versões rendadas e tressê do material estão em coletes e no busto de vestidos.

VIVAZ

Pérola negra brasileira. Não poderia ser mais instigante o tema da Vivaz. Nada mais nada menos que uma velha conhecida de quintais de muita gente – principalmente os da infância – a jabuticaba.  Nos longos, barras ramificadas com nesgas remetem às raízes da árvore-símbolo da coleção. Bordados e trabalhos handmade remetem ao doce universo das jabuticabas, através das pérolas coloridas que formam pois e carregam todas as nuances do amadurecimento da fruta. Fios de linhagem permeiam as peças para representar os galhos das jabuticabeiras e um camuflado de miçangas desenha a textura da casca das árvores. Flocados em 3D,  canutilhos e pérolas brancas formam suas delicadas flores. Papagaios, araras e maritacas, animais silvestres que se alimentam de jabuticaba, também aparecem em desenhos de asas, penas e deles próprios trazendo pontos de cor aos modelos.

PLURAL

O trabalho do fotógrafo mineiro Marcílio Gazzinelli está na origem da coleção da Plural. O achatamento das paisagens, proporcionado pelas fotografias aéreas, mais uma surpreendente combinação de cores terrosas, como areia, tijolo, mostarda e marsala, presente nas estampas, definiram o estilo da marca para o Verão/16. Shape despretensioso e relaxado em peças desenhadas para serem práticas e contemporâneas.

HERCHCOVITCH:ALEXANDRE

A funcionalidade é a palavra de ordem para a elaboração de peças femininas e masculinas que ostentam a etiqueta Herchcovitch; Alexandre. São roupas prontas para serem usadas em qualquer tempo e ocasião, sem complicações. Linhas retas e nada de firulas. Mas, é claro,que  isso não significa que sejam isentas de glamour. Se o clean é prioridade no estilo, são os detalhes, como recortes, aberturas e caimento perfeito, que valorizam as peças. Afinal, são assinadas por quem?

 ROGÉRIO LIMA

Tons neutros, como branco, bege e marrom, são as escolhas conscientes de Rogério Lima para as suas bolsas  do Verão/16. Como as roupas vão chegar às lojas esbanjando cores, iluminadas pelo sol ou espelhando-se na natureza- verdes e azuis fortes – os acessórios funcionais para elas serão os que não carregam nos tons oferecendo um contraponto elegante a uma produção. A maestria de Rogério Lima no desenvolvimento de bolsas femininas e masculinas transparece  nas modelagens estruturadas e recortes em diferentes materiais. Couro, plástico e palha estão presentes na coleção que abre espaço para as mochilas e maxibolsas. Mas têm modelos para todos os gostos e ocasiões

 TROPICALE VENCE O READY TO GO

Com o clima de verão tomando conta do Expominas – local do Minas Trend – impossível não remeter o trabalho da Tropicale  a uma das peças icônicas da moda praia: as cangas e suas variadas amarrações. Uma referência, sem dúvida, que escapa de memórias afetivas e particularizadas para ganhar sofisticação em lenços de musseline de seda e cetim de seda, enriquecidos com estampas exclusivas formando uma coleção de 23 peças. Em quatro tamanhos diferentes, elas se transformam em roupas urbanas por meio de argolas e faixas. Uma interessante proposta que valeu à arquiteta Luiza Miranda, à estilista Júlia Martins e à design de joias Mariana Marrara o primeiro lugar da 5ª edição do READY TO GO, que tem como objetivo identificar, capacitar e divulgar novos designers mineiros e suas marcas. Realizado pelo Sindivest-MG, o concurso acontece paralelamente à semana de moda. A Tropicale, marca lançada pelo trio há um ano, prima pela praticidade. Cada lenço – que as empresárias definem como  uma obra de arte emoldurada –  pode virar blusa, saia, colete e vestido de festta. Sem complicações, pois o passo-a-passo de cada opção está acessível através de um código que pode ser acessado via internet.

A MODA DAS ARARAS

Tão importante quanto a estréia de coleções na passaela é o lançamento que acontece nos estandes  instalados no setor Business do Minas Trend, que nesta sua 16ª edição comprovou o seu crescimento gradual e estável: 251 expositores, destes 46 novas marcas, participaram do evento. Um aumento de 5% em relação à temporada Verão/15. Lafort e as designers de joias Camila Seidl e Maria Dolores foram as representantes paranaenses na feira que contempla os variados segmentos da indústria da moda: roupas, calçados, bolsas, joalheria e bijuterias.

CIVIL JEANS

O streetwear elegante da Civil Jeans ganhou a companhia do jeans moletom, que embora mantendo a aparência tradicional oferece o conforto de peças confeccionadas com material soft.

KALANDRA

 

Kalandra se deixou influenciar pelo espírito audacioso da Belle  Époque e a personalidade de Zelda Fitzgerald para desenvolver a sua  coleção. Especializada em moda festa aposta em uma cartela de cores fortes, que inclui tons  de rosa fúcsia, verde água, coral, vermelho, azul carbono, verde esmeralda, rosa antigo e metalizados. Rendas, pedrarias, jacquard, tule e tecidos fluídos estão entre os  materiais escolhidos para dar um toque feminino e charmoso  às suas opções para um dia muito especial.

 ARTE SACRA

A beleza delicada e atemporal dos templos budistas inspirou a coleção Joy da Arte Sacra. Bordados suntuosos, estampas exclusivas e cores imponentes reverberam  momentos de felicidade. Com diferentes aplicações e mix de materiais que revisitam as décadas de 50 e 70, a marca investe na elaboração de detalhes para personalizar seus modelos.

ANNE FERNANDES

 

Inspirada no estilo navy e handmade, a marca aposta no minimalismo para realçar o estilo casual para o próximo verão. Com shapes mais limpos e cortes retos,  optou pela silhueta ampulheta e trapézio, com saias e vestidos godês e de pregas.

COSH

 O clima elegante das festas ao entardecer de um resort foi traduzido em vestidos  que trazem a delicadeza dos trabalhos em pedrarias e bordados handmade.

FRUTACOR

 

A beleza e a sofisticação dos elementos naturais se misturam na coleção da Frutacor. Nela, convivem a liberdade dos anos 70 e a elegância dos anos 50, representados em  estampas, bordados, cores e aplicações.

SKAZI

O verão 2016 da Skazi propõe o ambiente descontraído de férias passadas  na praia entre os anos 1960 e 1970. A coleção inspirada no sol e no humor do mar encontrou na mítica  Brigitte Bardot uma de suas musas.