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por Nereide Michel em 10/01/2014

Concursos destacam novos talentos para a moda brasileira, que depende deles para  incorporar o novo em sua produção e dinamizar negócios. Em tempos globalizados em que a indústria do nosso país enfrenta a concorrência direta e maciça de concorrentes internacionais, com maior capacidade produtiva e  menor custo em seus produtos, a aposta em estilistas com potencial criativo precisa aumentar entre os empresários do setor da confecção. Produtos diferenciados aguçam o interesse do consumidor tanto no país como no exterior.

Concursos são desafios lançados para um grupo bem específico:  composto por estudantes de cursos de moda para os quais ainda não existem  barreiras lhes tolhendo a  imaginação e a ousadia.  Estão na fase quando experiências e “maluquices”  são permitidas e até incentivadas,  pois elas podem lhes indicar caminhos futuros. É um exercício à criatividade que, sem dúvida, lhe será muito útil quando estiverem disputando uma vaga no mercado de trabalho. Um balanço dos concursos de moda realizados em 2013 revela que novos e promissores nomes estão nas passarelas destes eventos e que,  logo, logo, eles podem despontar nas vitrines oferecendo o novo ao consumidor. (Nereide Michel) 

PRÊMIO JOÃO TURIN DE INCENTIVO AOS NOVOS DESIGNERS DE MODA

O Prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers de Moda, que em 2013 completou 10 edições,  é um grande fomentador de talentos para o mercado da moda brasileira ao partir da valorização da “nossa aldeia”. O objetivo, segundo seus idealizadores e coordenadores, Nereide Michel e Paulo Martins, é estimular a pesquisa em temas da cultura paranaense no desenvolvimento de roupas e acessórios. Uma semente lançada entre estudantes de cursos de moda de todo o Paraná – mais de 20 instituições estão  envolvidas nele. O concurso  já teve como inspiração o Movimento Paranista, do qual fez parte João Turin, o artista plástico que nomeia  o concurso,  Fandango, manifestação artística do litoral do estado, Modas da Moda Paranaense sobre a diversidade cultural que caracteriza a região sul, Tropeiros, Bandeira do Estado do Paraná, Cataratas do Iguaçu, Paulo Leminski, Minha Cidade Vira Moda, Pintores Paranaenses e Música Paranaense e seus Compositores. Uma iniciativa pioneira, pois quando do lançamento da  primeira edição do Prêmio João Turin em 2003,  o assunto Moda e Cultura ainda não estava no foco de debates e de reconhecimento oficial como observado no cenário  atual. 

O 10º Prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers teve como tema Costura Afinada,  A Trilha Sonora da Moda Paranaense, e a final aconteceu no dia 26 de novembro em uma das salas expositivas do Museu Oscar Niemeyer. Pela primeira vez, a instituição destinou um espaço na sua área interna para um evento de moda, numa deferência ao conceito cultural que pauta o concurso. Inspirados nos compositores paranaenses e suas obras, treze finalistas participaram do desfile. O vencedor, Carlos Vinicius de Almeida, pesquisou o trabalho de Inami Custódio Pinto, enquanto Alberani da Conceição (2º lugar) e  Gustavo Rodrigues das Neves (3º lugar) buscaram respectivamente em Grafite e Arrigo Barnabé  o ponto de partida ao desenvolvimento dos seus looks. Lápis, sambista e pai do Grafite, Paulo Leminski, Bando do Rolê, Blindagem, Copacabana Club. Karol Conká também foram lembrados  na passarela do MON.

Carlos Vinicius de Almeida, do curso de Moda da UTFPR, de Apucarana, venceu com trabalho inspirado no compositor e folclorista Inami Custódio Pinto.

Alberani da Conceição, da UTFPR, de Apucarana, 2º lugar, inspirou-se na vida e obra do compositor Grafite, que faz sucesso na Europa. Ele mora em Bruxelas, Bélgica.

Gustavo Henrique das Neves, estudante do curso Design de Moda, da UEL, mergulhou no universo de Arrigo Barnabé, compositor nascido em Londrina.

PARANÁ CRIANDO MODA

Também realizado no Paraná, o concurso  promovido pelo Sindtêxtil  de Maringá é um dos mais longevos do Brasil: completou em 2013, treze edições.  Seus participantes já trabalharam inspirações como Floresta Amazônica, Era de Ouro da Rádio Brasileira, África, Carnaval, entre outros temas. O  do 13º Paraná Criando Moda, “É  brasileira a maior festa popular do mundo”, foi  apresentado de diversas formas pelos estudantes de cursos de moda do estado – desde o colorido dos figurinos das escolas de samba até o significado da comemoração como libertador de sonhos sufocados pela rotina diária. O vencedor foi Luan Gustavo Rodrigues, representante do Senai/Curitiba, e que também foi o vitorioso no 9º Prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers com o tema  Pincéis e Carretéis, direcionado aos pintores paranaenses e suas obras.  O segundo e terceiro lugares ficaram com Dênis Martins de Oliveira, da UniCesumar, de Maringá, e Breno Lorenzoni, da Universidade Estadual de Londrina. Luan Valotto Rodrigues buscou inspiração no conceito de carnavalização. Focou na percepção de que o Carnaval proporciona aos foliões a oportunidade de transformação, o homem pode virar mulher, a mulher vira bicho, o pobre pode ser rei e o nobre, um plebeu. Daí a ideia do camaleão, concretizada nos seus looks, através de escamas construídas com pequenas dobraduras.

                                                                                                                                                      Luan Gustavo Rodrigues, o direito de ser camaleão no Carnaval.

                                                                                                                                                                       Dênis Martins de Oliveira, da UniCesumar, ficou em 2º lugar.

                                                                                                                                                     Breno Lorenzoni, da UEL, se inspirou no tradicional pierrô e foi o 3º colocado.

 PRÊMIO DILMA OSÓRIO

 Rosana Mendes, designer de moda formada pelo Centro Europeu, foi a vencedora de outro concurso paranaense, o Dilma Osório, realizado em abril de 2013 em Ponta Grossa. O nome do concurso é uma homenagem a um dos ícones de Moda Festa do estado, estilista que sempre buscou fugir do óbvio em seu trabalho. Por isso, o Prêmio, que leva o seu nome, tem como objetivo estimular a criatividade em roupas a rigor. Realizado pelo Núcleo Setorial de Estilistas de Ponta Grossa, o concurso, em sua segunda edição, teve como tema  Volare, Volare (Voar,Voar), com inspiração na Itália.

A designer Rosana Mendes desenvolveu um vestido de festa inspirado na cor do outono do Vale da D’ Aosta, conhecido como a Roma dos Alpes, situado ao norte da Itália. A região é cercada por muralhas, e nela se destacam paisagens em tons de marrom café. Segundo a vencedora, “o vestido foi idealizado para transmitir a  fluidez de um passeio pelas ruelas medievais dos castelos do Vale e expressar o som e o brilho dos cristais espelhados pelos lagos.”

FIT 0/16 ESTILISTA REVELAÇÃO

Inspirado no universo mágico de Alice no País das Maravilhas, a vencedora da segunda edição do concurso FIT 0/16 Estilista Revelação,  a paranaense Bianca Pozzi, uniu o fabuloso mundo encantado do escritor Lewis Carroll a uma das festas folclóricas mais coloridas e comemoradas nos quatro cantos do Brasil – a Festa de São João. O concurso aconteceu em junho de 2013 durante a Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil e Bebê, em São Paulo. Bianca Pozzi é estudante da Universidade Estadual de Londrina e já obteve o 3º lugar no 9º Prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers de Moda, com o tema Pincéis e Carretéis, inspirado nos pintores paranaenses. A peça-chave da coleção vitoriosa no FIT 0/16 é um vestido no corte original da  Alice, mas todo trabalhado com as várias referências ligadas ao folclore de São João. Formas estruturadas  mesclam o geométrico das bandeirolas e balões com o orgânico da renda.

O concurso FIT 0/16 Estilista Revelação tem como objetivo atrair o interesse de estudantes e recém-formados em moda ao setor infanto-juvenil e fortalecer nacionalmente este segmento.

CONCURSO MODA INCLUSIVA

A moda inclusiva é um dos principais avanços do setor da confecção brasileira nesta última década. Além da praticidade, que deve caracterizar a roupa destinada a um consumidor com necessidades especiais, ela serve de inspiração ao desenvolvimento de peças que também  atendem ao desejo “de ser sentir bem e atraente com o que se veste” independente de condição física.  Em 19 de novembro de 2013 aconteceu a 5ª edição do concurso Moda Inclusiva, promovido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, com apoio da Vicunha Têxtil.

Patrícia Helena Galves, graduada em Moda pelo SENAI-SP, foi a vencedora, com um look voltado para cadeirantes femininas. A proposta é de uma roupa versátil, elaborada e pensada em cada detalhe para aumentar o conforto por meio de uma modelagem funcional, a escolha correta de materiais e utilização criativa de aviamentos.  Segundo a estilista, “a Moda Inclusiva não precisa de grandes revoluções, mas de pequenas mudanças e ajustes nas peças. É isso que faz o diferencial.” Após longas conversas com Maiara Barreto, modelo que desfilou sua criação no evento, surgiu a ideia de montar o look que tem como inspiração a leveza e os movimentos da dança. Para a calça, Patrícia utilizou o denim premium Missy Black, da Vicunha, de tingimento black superintenso e altíssima elasticidade, ideal para shapes mais justos. A sarja Pandora, com estampa de leopardo tom sobre tom, foi a opção para a jaqueta.

 

 O segundo e o terceiro lugares ficaram para Eligolande e Nadir de Almeida.  O finalista na segunda posição montou um look composto por calça e casaco de linhas retas e corte seco e justo, com aberturas diferenciadas e sistema de articulações internas. Já Nadir apresentou proposta composta  por calça com sistema de aberturas estratégicas para facilitar o vestir.

 FESTIVAL INTERNACIONAL DE MODE ET DE PHOTOGRAPHIE

Hyères, uma cidade no sul da França, realiza há 28 anos o Festival  Internacional de Mode et de Photographie, direcionado a jovens e criativos talentos do mundo todo nas áreas de moda, fotografia e produção. Nesta edição, realizada em abril de 2013, o evento contou com o apoio da Swarovski. A vencedora foi a finlandesa Satu Maaranen, graduada na Aalto – Escola de Artes, Design e Arquitetura de Helsinki. Sua coleção fascinou o júri com tecidos dramáticos, orgânicos e pintados à mão, que incluíam impactantes  chapéus que brilhavam com cristais Swarovski Elements.

A Swarovski Elements ofereceu aos dez finalistas uma variedade de cristais cuidadosamente facetados a serem utilizados nas propostas apresentadas no desfile do concurso. O objetivo foi destacar a importância dada pela marca de cristais austríaca  a eventos que motivam e apoiam novos talentos e mostrar também a imensa versatilidade do cristal como ingrediente criativo.