Conecte-se

por Nereide Michel em 12/07/2016

Chega de saudades! Não, não se trata do livro de Ruy Castro – referência literária da batida da bossa nova personificada em João Gilberto,  um dos seus principais atores – mas, sim, de uma moda reconhecida pelo “balanço a caminho do mar”. Estilo carioca de se vestir tem trilha sonora. Quando ela se tornou objeto de desejo de brasileiros, além das areias de suas praias, nos anos 70, o estilo já veio impregnado pelo lifestyle descontraído e de bem com a vida de um Rio “bonito por natureza”. Mas que beleza! E eis que “ um chega de saudades” virou motivação em 2016 para que a moda nascida sob as bênçãos do Redentor retornasse às passarelas buscando não reviver “tempos passados”  mas para mostrar que “ela é carioca, ela é carioca.” Basta o jeitinho dela desfilar. E desfilou no Rio Moda Rio, que aconteceu  de 15 a 18 de junho tendo como sede-base o Pier Mauá. O evento, na verdade, tem a proposta de se transformar em um movimento com ações a serem realizadas durante o ano todo com o objetivo de “quebrar regras, celebrar a criatividade, descobrir talentos e impulsionar o mercado da moda”.

O nome do movimento vem do lendário Grupo Moda-Rio, núcleo organizado por um time de criadores dos anos 70 para unificar o calendário a partir de desfiles e eventos. Mais uma “saudades” motivadora para agregar profissionais da moda que buscam atender às necessidades atuais do setor. No comando do Rio Moda Rio estão os empresários Rodolfo Medina e Duda Magalhães, da Dream Factory, que realiza o Rock in Rio, e Luiz Calainho, da L21, que faz a Feira Art Rio.O Sistema FIRJAN é parceiro do evento, que na primeira edição contou com o patrocínio do SENAI, Sebrae e Natura.

O primeiro line-up do evento, que teve curadoria de Carlos Tufesson, incluiu marcas e estilistas cariocas e dois convidados: o cearense Lino Villaventura e o capixaba Ivan Aguilar.

OS CARIOCAS

BLUE MAN

Uma coleção colorida e vibrante, de estamparia digital mesclada a técnicas artesanais como macramê, tranças e franjas. Para ele o toque irreverente do Menino do Rio dos anos 80.

LENNY NIEMEYER

A estilista encontrou inspiração no trabalho de Nobuyoshi Araki  resgatando a cultura milenar japonesa em texturas, estampas e amarrações. Lenny Niemeyer continua imbatível no “resort”, com sua moda praia sofisticada.

THE PARADISE

A estreia da marca de Thomaz Azulay e Patrick Doering apresentou peças clássicas, muitas unissex, com estamparia rica e detalhada, tematizada no orientalismo.

OSKLEN

Oskar Metsavaht foi buscar inspiração em um lugar imaginário, Monbupurih, onde o céu e o mar se encontram em azuis infinitos, duas luas dividem espaço com um sol. Flores e frutos surgem híbridos e o tempo acontece entre o sonho e a realidade. Estampas exclusivas, alfaiataria luxuosa em neoprene e peças em linho.

 ANDREA MARQUES

 

A estilista prestou homenagem poética à cidade do Rio de Janeiro com linhas curvas que lembram o desenho nos calçadões, flores e gaivotas sobre tecidos leves, plumas e franjas

ALESSA

Inspirada pelo movimento artístico Art Nouveau, a estilista Alessa Migani recriou papéis de parede com temas botânicos e florais do século 19 e resgatou a arte do inglês William Morris.

 GUTO CARVALHONETO

Esta é a quinta coleção do estilista, mas a sua estreia na passarela aconteceu no Rio Moda Rio. Guto expressou liberdade criativa com referências que vão do cangaço ao glamour da elite carioca nos anos 40.

PATRICIA VIERA

Na coleção Cruise, a estilista mantém a inspiração cubana da coleção verão 2017, em versão menos solar e mais noite. O couro, material constantemente reinventado por Patricia, mais uma vez surpreendeu em versões leves e recortadas que ganharam ares de rendas e tules.

 MARTU

Marca carioca criada pela estilista Marta Macedo em 2006, estreou no Rio Moda Rio com uma coleção destacando um glamour relax e  cool para mulheres contemporâneas.

ISABELA CAPETO

A mulher que veste Isabela Capeto é essencialmente romântica. Por isso, ela aposta em peças feitas à mão, sempre bordadas, tingidas ou plissadas, com muitas aplicações de rendas antigas, paetês, tules ou passamanarias.  

MARA MAC

A estilista Mara Mac Dowell faz uma moda que é a “cara do Rio”. Um merecido atributo conquistado desde que inaugurou sua primeira loja há quase 55 anos, em 1961, em Ipanema. Foi uma das pioneiras a disseminar informação de moda e falar da importância dos acessórios. Seus desfiles são performáticos e, portanto, sempre aguardados com especial interesse.

MARIA FILÓ

Roberta Ribeiro dá continuidade ao trabalho iniciado por Célia Osório na Maria Filó. No Rio Moda Rio apresentou 18 looks em tons  de azul, laranja e vinho com foco no tricô – expressão maior da marca. Ele aparece junto a rendas geométricas e ao jacquard, construindo uma história ao lado de poás, listras, babados e jabôs.

OS CONVIDADOS

IVAN AGUILAR

O estilista mineiro radicado no Espírito Santo tinge sua alfaiataria masculina de gamas fortes e pastel, estampas e referências de sportswear, No Rio Moda Rio Ivan Aguilar mostrou cores vibrantes encontradas na paleta da artista plástica Beatriz Milhazes também na linha feminina.

LINO VILLAVENTURA

Os bordados coloridos que sempre voltam à passarela de Lino Villaventura dessa vez ganham versão tridimensional com pompons e borboletas projetados com leveza sobre os vestidos.

 E AS SAUDADES?

Tiveram um espaço privilegiado neste retorno do estilo carioca às passarelas. No desfile de abertura do Rio Moda Rio muitos suspiros foram arrancados entre os que disputavam, nas décadas de 70 e 80, os lançamentos em roupas e acessórios vindos de Ipanema e Copacabana. Looks guardados e memorizados da Company, George Henry e Maria Bonita, na sequencia das fotos,  reviveram um momento ímpar da moda da “cidade maravilhosa” no evento.