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por Nereide Michel em 20/04/2015

 Existe algo que foge do padrão quando se pensa em moda inspirada em roupa e comportamento de  astros e estrelas do universo  embalado pelo som de guitarras, baixos, baterias e vozes  “alucinantes”, “atordoantes” , que parece fugir do controle das pautas musicais. Ela parece obedecer a certos códigos que a situam em um  nicho perfilado como “eternamente jovem” . Condição que pode ter se originado na rebeldia de movimentos que buscaram romper com convenções e preconceitos liderados  por integrantes de bandas  nas décadas de 60 e 70 – o auge do heavy metal . Com o seu som “ensurdecedor” , que fazia os mais velhos taparem os ouvidos, refletiam  as expectativas de quem se via pressionado para assumir as responsabilidades da vida adulta mas não se sentia preparado para tal.

Assim era e assim continua sendo nos anos 2000. Quer uma prova? É só se incluir na platéia dos  aficcionados  fãs de Ozzy Osbourne, Judas Priest e Motörhead , que têm data e local para se apresentarem em Curitiba –  dia 28 de abril de 2015, Pedreira Paulo Leminski – para perceber que idade é o que menos conta quando o assunto é curtir a sua banda favorita e levantar bem alto a bandeira da rebeldia. Contemporâneos  destes ícones do heavy metal –cinqüentões, sessentões totalmente inseridos no mercado de trabalho – com certeza, vão dividir espaço e animação com gerações posteriores. Vovôs e papais vestidos de acordo com a cartilha da moda roqueira  vão uma vez mais romper barreiras e preconceitos ao assumirem roupas e acessórios que os jovens de hoje acreditam  serem “só seus”.

Assim será na Pedreira Paulo Leminski, como foi no Festival de  Woodstock (1969),  no histórico concerto do Led Zeppelin no Madison Square Garden (1973), base do filme “The Song Remains the Same”, nas sucessivas edições do Rock in Rio e no Lollapalooza, em São Paulo,  que este ano teve  como uma das atrações Robert Plant – ele mesmo (sessentão) , que também já passou por Curitiba e identificou do palco do Teatro Guaíra a sua tribo na platéia.

O BÁSICO DO HEAVY

A moda já se sabe não se dissocia do que acontece no seu tempo.  Ela reflete condições sócio-econômicas de uma época e, é claro, também interfere em comportamentos e atitudes. É um troca-troca que serve para caracterizar um estilo e também para ajudar acadêmicos a formatar capítulos da história do vestuário. A moda que bebeu na fonte (da juventude?) do universo do rock  tem seus itens obrigatórios que a identificam – mesmo quem  rompe padrões precisa deles para ganhar força de mobilização. E eles começam pelos acessórios. Quanto mais metal e brilho melhor! Anéis e correntes refletem o brilho dos holofotes. Tachas e correntes são imprescindíveis na produção.  Couro nas pulseiras, nas calças, nas botas com muitas fivelas. Jeans  e camisetas – de preferência estampadas com imagens dos roqueiros preferidos ou palavras de ordem  da rebeldia –  caracterizam uma tribo cujos ancestrais  remontam aos “transviados” e “selvagens” James Dean e Marlon Brando. E se o cabelo ainda permitir vai bem um rabo de cavalo para eles. Para elas,  fios soltos para sacudir a cabelereira desvairadamente ao ritmo pesado do rock. Na maquiagem, muito preto e cores fortes – como a das criaturas da noite.

NO PALCO

Um olho no palco e outro na platéia. Não será necessário muito esforço para encontrar entre o público fanático dos ídolos, que vão se revezar nas apresentações do Monsters Tour em Curitiba,  quem estará se vestindo tal e qual  a um deles.

OZZY OSBOURNE

Um dos fundadores do célebre Black Sabbath em 1969, onde ficaria até 78, Ozzy iniciou sua carreira-solo com o lançamento do álbum “Blizzard of Ozz”, até hoje considerado um dos mais importantes álbuns do rock mundial, com seus personalíssimos vocais. Em 94, ele ganhou um Grammy de melhor música e em 93 anunciou sua aposentadoria, voltando porém aos palcos em 95. Foi indicado mais duas vezes ao Grammy, em 2008 e 2011, e apenas nesse novo século ganhou alguns dos mais importantes prêmios da música, como o MTV Music Awards, o NME e o Prism, além de receber os títulos de “Imortal do Rock”, “Ícone da Música” e “Lenda Viva do Rock”. Músico lendário, Ozzy idealizou o famoso OzzFest, que já revelou bandas como System of a Down e Korn, realizado por ele e sua mulher Sharon desde 1996. A partir de 2002, Osbourne atingiu um novo patamar de reconhecimento mundial ao estrelar com a família o reality-show The Osbournes, lançado pela MTV e um enorme sucesso no mundo inteiro. Em carreira-solo já lançou 11 álbuns de estúdio, cinco álbuns ao vivo e nove DVDs. Já vendeu mais de 90 milhões de cópias de seus discos em todo o mundo.

JUDAS PRIEST

A banda britânica Judas Priest foi criada em meados de 1969, em Birmingham, Inglaterra, e é considerada por alguns críticos, ao lado do Black Sabbath, do Iron Maiden e do Motörhead, como uma das quatro principais bandas de heavy metal da história. Ao adicionar duas guitarras ao seu som também foi responsável pela retirada do blues característico de grupos de hard-rock britânico dos anos 70. Judas Priest  também foi precursor da adoção de roupas de couro com adereços de metal cromados e correntes advindos do punk rock, criando o figurino oficial “metaleiro”que vigora até hoje.  O primeiro disco da banda, “Rocka Rolla”, foi lançado em 1974. Das primeiras formações do quarteto ainda permanecem no grupo o vocalista Rob Halford, o guitarrista Glenn Tipton e o baixista Ian Hill. Em 45 anos de carreira lançaram 19 álbuns de estúdio, o mais recente, “Redeemer of Souls” em 2014, e venderam mais de 50 milhões de discos em todo o mundo. Em 2010 a banda ganhou o Grammy para “Melhor Performance de Metal” por “Dissident Aggressor”.

MOTÖRHEAD

Formada em 1975 na Inglaterra, a banda Motörhead é considerada uma das maiores do heavy metal no mundo, ao lado de Black Sabbath, Judas Priest e Iron Maiden. Prestes a completar no próximo ano 40 anos de carreira, já lançou 21 álbuns de estúdio e vendeu mais de 30 milhões de cópias. Seu mais recente CD é “Aftershock”, de 2013. Considerada uma das bandas de mais peso e velocidade no cenário do metal, o Motörhead é um dos grupos que mais influenciou outras bandas de diferentes vertentes como o heavy, o thrash metal e o punk rock. O baixista Lemmy Kilmister, até hoje no grupo, começou na música na década de 1960, como roadie da banda de Jimi Hendrix, e foi o criador do Mötorhead, que inicialmente se chamava Bastards. Depois de dois álbuns, conquistaram o sucesso junto ao público em 79, com “Bomber”. Em 1992 lançaram “March ör Die”, seu maior sucesso comercial, com participação do guitarrista Slash (Guns N’ Roses) em diversas canções e uma parceria com Ozzy Osbourne na canção “Hellraiser” (também lançada por Ozzy no álbum No More Tears). Em 2005 o Motörhead ganhou o Grammy na categoria Melhor Performance de Metal.

ROCK GLAMOURIZADO

O relacionamento entre a moda e o rock continua firme e forte. Na edição Verão 2016 da São Paulo Fashion Week, que aconteceu de 14 a 17 de abril, Patti Smith, Frank Zappa e Iggy Pop foram destaques na mídia inspirando coleções ou como presença no evento. E não faltaram comoção e emoção na platéia.

Verão 2016 da Colcci, inspiração em Frank Zappa. Mas eis que surge na passarela uma “Patti Smith”, musa da coleção de Vitorino Campos.

COLCCI

O desfile da coleção da Colcci marcou a despedida de Gisele Bündchen das passarelas ao som de Flower Punk. O autor? Frank Zappa, lendário fundador da banda Mothers of Invention. Cantor, guitarrista, produtor de gravação, em uma carreira de mais de trinta anos – encerrada em 1993 com o seu falecimento – sua obra musical inclui rock, fusion, jazz, música eletrônica, música concreta e musica clássica. É considerado um dos guitarristas mais geniais de seu tempo. Desenhou com pinceladas psicodélicas as capas dos seus discos.

 

 

VITORINO CAMPOS

O estilista encontrou em Patti Smith a musa para o seu Verão 2016. Focou inspiração no relacionamento da compositora e cantora com o fotógrafo Robert Mapplethorpe para desenhar a mulher dos tempos atuais e sua liberdade de expressão em distintas formas e frequências – traduzida em roupas e acessórios da coleção. Patti Smith ganhou evidência no auge do movimento punk ao lançar Horses, seu álbum de estréia em 1975. No livro Só Garotos, no qual conta sua vivência com o Mapplethorpe, esclarece “que a necessidade de me expressar era meu desejo mais intenso.”

IGGY POP

Eis que uma das figuras mais controvertidas do universo do rock aportou em “pele e osso” na semana de moda paulista. Iggy Pop, considerado um dos sobreviventes dos excessos dos anos 60 e 70 – como Ozzy Osbourne – tem demonstrado um fôlego invejável ao manter-se atuante nos anos 2000. Sua presença continua provocando frission, como o registrado em sua rápida circulada pelo evento quando, convidado pela Chilli Beans, protagonizou uma quebra de óculos gigantes salpicados de cristais Swarovski no espaço da marca na SPFW.

SERVIÇO

Monsters Tour em Curitiba, com Ozzy Osbourne, Judas Priest e Motörhead, vai acontecer no dia 28 de abril, no palco da Pedreira Paulo Leminski.

Realização: Prime e Hits Entretenimento

Informações: (41) 3315-0808/ www.maisumadaprime.com.br