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por Nereide Michel em 02/09/2014

Já é de conhecimento geral que a moda em tempos globalizados vive sob outras expectativas de consumo. Instantaneidade comanda os lançamentos da temporada. As coleções mal pisam nas passarelas de Paris, Milão, Londres, Nova York, São Paulo e já estão no foco de telas e telinhas. Não importa onde elas estejam desde que sejam “internatizadas”.

Instantaneidade, contudo, gera outros valores, ou reforça os existentes, quando se trata de cativar a clientela. Não por acaso, nomes icônicos da costura de luxo – e seus negócios similares no segmento prêt-à-porter, que lhes correspondem em padrão de qualidade e diferenciais de conceito– parecem estar à margem da alucinada troca de novidades, que caracteriza a confecção seriada e nutrida pelas tendências guiadas pelo gosto massificante. Sem medo de arriscar ou de ousar estas marcas não renegam suas origens: surgiram sob a égide de roupas criadas para durar. O descartável não faz e nunca fez parte de sua proposta, pois preservam acima de tudo o estilo que inspirou o seu nascimento e a fidelidade ao ritual de um produto impecável por fora e por dentro.

Quando a moda se mantém fiel aos princípios do seu criador, ela se torna atemporal. Veste a quem conhece a sua história e não tem qualquer compromisso com o que está entrando e saindo rapidinho das vitrines. Moda, neste sentido, também é identificada com Cultura. O mineiro Ronaldo Fraga veste as manifestações artísticas e populares brasileiras e o curitibano Jefferson Kulig a urbanidade da sua cidade. Estilistas parisienses, londrinos, milaneses, nova-iorquinos, que constam de compêndios de autores de moda dos séculos XX e XXI, também traçam paralelos culturais em suas criações e conservam linha reta ao conceito das suas grifes.

Seguindo por este caminho, assistir a um desfile de uma marca considerada emblemática no segmento luxo, ou de sua similar prêt-à-porter, é uma experiência interessante, pois oferece o contraponto entre dois geradores do mercado da moda atual: o que movimenta a moda de rápido e descartável consumo e a que pode ser encarada como um investimento de longo prazo.

Parte da coleção outono/inverno 2014/2015 da Emporio Armani foi desfilada na última quinta-feira de agosto na loja da marca no  Pátio Batel – a primeira apresentação fora de sua passarela original, a Semana de Moda de Milão.  Roupas e acessórios que mesmo não desprezando as novidades em tecidos, materiais e texturas não se banham na vertente dos modismos. Daí a sua perenidade. Como a de Giorgio Armani, que é moda desde 1975, e  Emporio Armani, que é moda desde 1981.

COLEÇÃO FEMININA

Al Momento. Este é  o tema do Outono/Inverno 2015 da linha feminina da Emporio Armani.  Uma história sobre moda, onde elementos masculinos e femininos se juntam combinando o gosto pela costura perfeita com acessórios excêntricos. Contrastes que fazem o perfil da mulher contemporânea. Preto e branco e variações de cinza luminoso destacam-se na paleta. Entre as peças-chaves calças apertadas na parte detrás e levemente soltas, com pregas suaves, na frente. Comprimento no tornozelo ou no joelho (bermudas). Os casacos trazem novas amplitudes e apresentam ombreiras como as das jaquetas masculinas. Nos acessórios, chapéus de feltro preto ou cinza de grandes dimensões.  Pérolas macro estão em detalhes de sapatos, nos colares, prendedores e acabamentos de vestido.

 

COLEÇÃO MASCULINA

ILUSÃO define o tema do Outono/Inverno 2014-2015, da linha masculina da Emporio Armani. Bem apropriado pelo destaque dado ao brilho na coleção. Nada chamativo, mas perceptível nas transformações que ocorrem na própria natureza do tecido ou em um flash de pele que muda a percepção do vestuário. Emporio Armani se concentra em cores minerais como as acinzentadas capturadas de rochas lascadas, pulverizadas. Efeitos iridescentes, como as do azul que se esvai em tons mais escuros de ruibarbo. Novas silhuetas estão evidentes em paletós um pouco mais curtos, com três ou quatro botões, lapelas menores e mais altas e em calças slim que terminam no tornozelo. Camisas em jacquard com leve efeito de claro-escuro. Jérsey macio dá conforto e flexibilidade às mangas e costas de jaquetas, camisas e blusões. Nos acessórios, gravatas borboletas e bolsas e mochilas trabalhadas em moiré de pele.