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por Nereide Michel em 18/09/2024

O MAR QUE HABITA EM (E COM) ANA SERAFIN

“Sinta o mar, o vento, a chuva”. “Escrevo o seu nome na areia”

O mar tem música e ritmo. Tem rima e prosa. Tem luz e cor. Tem pergunta e resposta. O mar está aberto ao diálogo. Ana Serafin conversa bastante com ele – de sua vista em Balneário Camboriú, onde reside, à interioridade de suas mentalizações, que lhe dão intimidade suficiente para expressar um desejo: “Eu quero ser o mar”. Não por acaso, este é o título de sua mais recente exposição curitibana, em cartaz no MUMA, espaço cultural localizado no Portão. Nela, a artista explora toda uma metáfora filosófica e emocional por meio de grandes pinturas e pequenos desenhos. Criações com  gestos amplos e cores meticulosas, levam a reflexões profundas, enquanto o azul predominante evoca calma e criatividade, celebrando o mar como símbolo de imensidão e transformação.

“Feche os olhos e sinta o aroma do mar”

Segundo explicita o curador da mostra, Nei Vargas, ” de sua janela, Ana Serafin vê o mar como possibilidade de se afogar, virar uma rainha e nele ter um descanso interminável, festejando os versos de Bandeira”. O Bandeira é o Manoel que em  1936 poetou “Cantiga”: “Nas ondas da praia/ Nas ondas do mar/ Quero ser feliz / Quero me afogar/ Nas ondas da praia/ Quem vem me beijar?/ Quero a estrela –  d´alva/ Rainha do Mar/Quero ser feliz/Nas ondas do mar/Quero esquecer tudo/Quero descansar.

“Rainha do Mar”

O mar, sabe Ana Serafin, proporciona momentos únicos e irrepetíveis, daí serem fonte de inspiração que não se esgota. Cada onda que ele entrega, chega com novos contornos, surpreende pelo movimento e velocidade. Uma imprevisibilidade que dá origem a pinceladas que matizam desejos em uma tela. Ou palavras que compõem uma canção: “Eu escrevi na fria areia/Um nome para amar/O mar chegou, tudo apagou/Palavras leva o mar/Teu coração, praia distante/Em meu perdido olhar/Teu coração, mais inconstante/Que a incerteza do mar”. (“Nossos Momentos”, samba canção de Haroldo Barbosa e Luiz Reis, 1961).

“Ao som do mar escuto o seu coração”. 

“Eu quero ser o mar” reúne mais de 30 obras de diferentes formatos, na técnica de acrílica sobre tela, produzidas em 2024, tendo o reino de Netuno e Iemanjá. como tema. Desenhos, desenhos livres, técnica mista, criados de maneira aleatória e em materiais diversos, dos anos 2013, 2017 e 2018, também compõem a exposição. Ana Serafin é formada pela EMBAP-Escola de Música e Belas Artes do Paraná, tendo participado de inúmeras coletivas e algumas individuais. A artista é representada pela Galeria Zilda Fraletti.

 

ONDE ESTÁ

“EU QUERO SER O MAR”

ANA SERAFIN

 MuMA – Museu Municipal de Arte

Sala de Exposição Célia Neves Lazzarotto

 Avenida República Argentina, 3430, Bairro Portão, Curitiba

Até 27 de outubro

Apoio: Galeria Zilda Fraletti