por Nereide Michel em 01/10/2024
Nas páginas dos livros estão registros históricos e culturais, conhecimentos adquiridos pela experiência ou vivência, resultados de pesquisas e de especialização profissional. Basta folheá-las para encontrar respostas, soluções e esclarecimentos. Até para deixar-se levar pela narrativa de escritores que da realidade ou da imaginação formatam enredos que capturam a atenção dos leitores e lhes abrem portas para novos horizontes.
João José Bigarella foi um geólogo de destaque nas Geociências e um dos pioneiros da Conservação Ambiental no Brasil, especialmente no Paraná, desde o início dos anos 1970. Em expedições intercontinentais, estudou rochas na África, comprovando que essas possuíam a mesma composição geológica das rochas da Bacia Sedimentar do Paraná, confirmando que as regiões haviam sido conectadas em um único continente. Além de sua contribuição científica, Bigarella foi visionário ao desenvolver uma consciência ambiental antes do tema ganhar a relevância atual. Ele advogou pela preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, criando um equilíbrio entre o progresso social e a conservação da natureza. Entre suas ações mais notáveis estão a criação da ADEA, da Funabi, o tombamento da Serra do Mar como patrimônio natural e os esforços para fortalecer o Parque Estadual de Vila Velha.
O legado de João José Bigarella não poderia ser comemorado de outra maneira senão destacando a sua obra. Com este objetivo foi lançado, no dia 23 de setembro, data em que ele completaria 101 anos, o quarto volume e último volume da série “Estrutura e Origem das Paisagens Tropicais e Subtropicais” de sua autoria. O trabalho, ainda inédito, reúne estudos sobre regiões costeiras, praias, restingas e sambaquis – foco principal da pesquisa do ambientalista. Resultado de uma parceria entre a Fundação João José Bigarella (FunaBi) e a Editora da UFSC, o lançamento da obra aconteceu no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná.
O advogado e professor Alfredo de Assis Gonçalves Neto, respeitado por suas contribuições ao direito comercial brasileiro, é o autor do recém-lançado “Singularidades da Cooperativa Singular”, no qual expõe as características únicas das cooperativas. O livro foi apresentado aos leitores no dia 17 de setembro, na Livraria da Vila, no Shopping Pátio Batel.
O livro examina os princípios e características principais das cooperativas, destacando como elas se diferenciam das associações e outras sociedades. O autor acredita que a obra ajudará o leitor a entender melhor o papel das cooperativas no cenário jurídico brasileiro, enfatizando suas ideias de ajuda mútua, associado-cliente, redução de intermediários e livre acesso. “Ao contrário das sociedades, as cooperativas não possuem capital social com as mesmas funções, e a quota-parte de um cooperado não equivale a uma quota social de um sócio. Essas e outras conclusões são apresentadas para fomentar discussões entre estudiosos e profissionais do direito”, esclarece o advogado.
Alfredo de Assis Gonçalves Neto é sócio fundador da Assis Gonçalves, Nied e Follador – Advogados e ex-professor titular da Faculdade de Direito da UFPR. Ele também foi presidente do Instituto dos Advogados do Paraná, da OAB-PR e da Academia Paranaense de Letras Jurídicas, além de ex-vice-presidente da Comissão do Senado Federal para o Projeto de Código Comercial.
O título é longo: “Mundo Livre S/A 4.0 – Do punk ao mangue: 40 anos de lutas, conquistas e muito ativismo político e cultural” , como é longo o caminho percorrido pelos personagens de livro, segundo narrativa do escritor e jornalista Pedro de Luna. Publicada pela Ilustre Editora, com 552 páginas, a obra teve lançamento em Curitiba, no dia 20 de setembro, com a presença do seu autor.
Tudo começou na pernambucana Candeias, sob a influência do movimento punk e da convivência em universidade pública – onde Fred Zero Quatro, Renato L e Xico Sá formaram-se jornalistas. A partir daí segue a jornada do mundo livre s/a até a banda assinar o primeiro contrato com gravadora, passando pelos shows mais importantes do país, viagens ao exterior e a volta ao mercado independente. Segundo Pedro de Luna, nessas quatro décadas, o grupo viveu todos os altos e baixos de um artista no cenário musical, do ápice com o sucesso “Meu Esquema” e o reconhecimento com o Troféu APCA e o Prêmio da Música Brasileira, até a saída tumultuada de ex-integrantes e os ônus do ativismo político.
Uma passagem muito interessante do livro é a lendária “caravana da coragem”, quando mundo livre s/a e Chico Science & Nação Zumbi fizeram a primeira viagem a São Paulo e Belo Horizonte em 1993, participando também do Programa Livre no SBT (com Serginho Groisman) e do Fanzine na TV Cultura, então apresentado por Marcelo Rubens Paiva. Foi desta excursão que Chico voltou ao Recife de contrato assinado com a Sony Music e Fred recebeu proposta de um contrato com a Banguela Records, o selo criado pelos Titãs com a Warner, que também lançou o primeiro disco dos Raimundos, Maskavo Roots e Little Quail, entre outros grupos. Curitiba também fez parte do roteiro deste movimento: quatro bandas da cidade – Resist Control, Woyzeck, Boi Mamão e Magog – fizeram parte da coletânea “Alface”, lançada pela Banguela Records e na gravação do primeiro disco, o mundo livre s/a tocou no então badalado Aeroanta.