Linkultura

por Nereide Michel em 24/07/2019

A coleção Inverno 2019 da NovoLouvre está nas vitrines, nas araras e nas paredes de uma galeria. Com uma visão mais ampla do alcance da moda nos dias de hoje Mariah Salomão, diretora criativa da marca curitibana, associa sua inspiração na cultura da cidade a ações que transportam a consumidora à uma realidade globalizada. O fato de aliar no seu trabalho também a sua formação como arquiteta lhe dá ferramentas para construir uma moda contemporânea com nítidos traços do cenário urbano.

Exemplificando, a sua mais recente coleção recebeu o contrastante nome Brutalismo Caboclo e teve como origem o ideário arquitetônico de Sérgio Ferro – também artista plástico, é autor do painel na entrada do Memorial de Curitiba – que vive há 30 anos na França. Ele encontrou no desenho orgânico da abóboda a sua representação perfeita – com apenas um traço, define a cobertura, estrutura e fechamento. Transferindo esta proposta para a moda Mariah Salomão encontrou um paralelo no trabalho do costureiro basco Cristobal Balenciaga, que revolucionou a silhueta nos anos 50. Que tal um casaco com apenas uma costura que define mangas, decote e fechamento? Nada mais funcional. Nada mais atual.

ARTE DA MODA

Leni Glock

Brutalismo Caboclo ganhou uma exposição extra na sua divulgação. Aliás, literalmente uma exposição uma vez que fotos de peças da coleção ocupam paredes da Urban Arts, uma galeria de arte focada em gravuras e reproduções de imagens exclusivas ou com tiragem limitada  que tem como proposta tornar mais acessíveis criações de artistas independentes.

São treze fotos tendo como modelos convidadas, que expressam o conceito da NovoLouvre, clicadas por Isabella Glock em prédios icônicos – que destacam o estilo brutalista na arquitetura – como Paraná Previdência, Emater e prédio da antiga Telepar. Cenários com muito concreto que valorizam o geometrismo da composição das imagens e as linhas e cores das roupas.  Na coleção, formas arredondadas nos ombros, minipalas, assimetrias e evasês com uma paleta de tons terrosos e neutros que se contrapõem com o lilás e o amarelo. Estampas recriam a azulejaria modernista e seguem os traços da ilustração assinada pelo arquiteto e designer Romulo Lass.

 

Leni Glock

Isabella Glock e as fotos da exposição Brutalismo Caboclo. Créditos: Hair por Giulia Antunes; Make por Jessica Dias e Beauty por  Auro Ottoni, da equipe do Torriton Pátio Batel. Produção: Takashi Matsuda, do NovoLouvre. Direção de criação e curadoria: Mariah Salomão Viana e Jackie Oliveira.

ONDE ESTÁ

A exposição Brutalismo Caboclo está aberta para visitação na Urban Arts, na Alameda Carlos de Carvalho, 949, no Batel. As fotos podem ser adquiridas e são opções para ambientar espaços contemporâneos, minimalistas e funcionais.