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por Nereide Michel em 15/08/2019

“Serviço criativo” assim o pedreiro Rony da Silva Santos  definiu a atividade na qual se envolveu  recentemente e que está transformando a sua vida. O depoimento foi dado na apresentação do projeto-piloto Obra&Arte, uma iniciativa pioneira no país, que está sendo dinamizado em Curitiba pelo Instituto A. Yoshii, braço de Responsabilidade Social da construtora A. Yoshii, em parceria com o coletivo ÔDA. O  piauiense, que adotou a capital paranaense como sua nova terra, acrescentou ainda que levou para casa o que está aprendendo na ação, já envolveu nela a sua mulher e que já tem traçadas algumas ideias para colocar em prática.

Operários, designers e arquitetos do Obra&Arte. Foto Eduardo Bragança

Testemunho entusiasmado e emocionante de quem passou a ver o mundo sob a perspectiva da arte e do design. Uma descoberta compartilhada por outros onze colegas de profissão incluindo carpinteiro, pintor, pedreiro, ajudante de pedreiro e armador. Operários como ele e que voluntariamente aceitaram o convite para participar de um desafio: gerar a partir de resíduos da construção civil “obras criativas”. O resultado surpreende principalmente quando se leva em conta que o projeto foi lançado em junho e em menos de três meses apresenta o saldo positivo de despertar a sensibilidade em um cenário que pode ser qualificado de  “bruto e frio”. Sim, é possível salvar do lixo de um canteiro de obras a matéria-prima para mobiliário e peças decorativas.

Para a presidente do Instituto A.Yoshii, Simoni Bianchi, o Obra&Arte, ganha contornos sustentáveis ao contribuir para minimizar o impacto ambiental. Segundo ela, “ é gratificante envolver nossos colaboradores, tanto no aspecto cultural quanto emocional, de apurar o olhar para os insumos que eles usam diariamente no trabalho, e que agora estão se transformando em objetos de arte e design”.

CONSTRUÇÃO COLETIVA

A fase de definição do conceito, planejamento e processos de concretização do Obra&Arte teve início em novembro de 2018 unindo as equipes do Instituto A. Yoshii e o Coletivo ÔDA, um grupo formado por Ticiana Martinez, curadora de design e coordenadora do projeto, pelos designers Aline Volpato e Alberth Diego, pela arquiteta e produtora cultural Consuelo Cornelsen, pelo artista plástico Eduardo Bragança e pelo designer paulista Leo Capote.

Com o planejamento em mãos, o que era abstrato tornou-se concreto, conforme esclarece Ticiana Martinez, “no primeiro encontro com os operários voluntários interagimos com a apresentação de vídeos sobre design e arte em seus diversos formatos. Conversamos sobre possibilidades de pensamentos já existentes sobre o tema e evoluímos mostrando trabalhos ao redor do mundo sobre o assunto. Criamos uma conexão, uma sinergia, uma identidade de grupo, um pertencimento.”  

Definido o que seria produzido – pendentes, luminárias, mesa de centro, poltrona – o grupo passou a trabalhar no depósito da A.Yoshii localizado na região do Campo Comprido. Além dos trabalhos executados pelos voluntários, o coletivo Ôda está envolvido na prototipagem e produção de outras dez peças exclusivas, criadas a partir do olhar de reuso e de ressignificação de materiais.

 

Cadeira de bobina e cano de PVC produzida pelos operários voluntários. Foto: Eduardo Bragança

Poltrona e escultura feitas com resíduos de vergalhão de aço pelo Coletivo ÔDA. Foto: Eduardo Bragança

 

MOSTRA

A previsão é que a produção de todas as peças – do grupo de voluntários e do coletivo – seja apresentada em uma mostra especial a ser marcada para novembro em Curitiba.