Na semana de 4 a 9 de outubro São Paulo ostenta o título de capital brasileira do Design. Uma intensa e extensa programação toma conta da cidade que se transforma também em uma grande vitrine de lançamentos de produtos, como peças de mobiliário e objetos funcionais e decorativos, que atestam a evolução e a criatividade de um importante e múltiplo setor da economia. Estilos de viver e morar são a forma e o conteúdo do evento.

Uma das ações mais impactantes da 10ª edição do Design Weekend SP tem como cenário o endereço conceitual da Estar Móveis, que fica na temática Alameda Gabriel Monteiro da Silva. Uma surpreendente instalação que conduz a uma profunda reflexão existencial quando convida a entrar em uma caverna – uma das casas originais da humanidade.

Ary Diesendruck. Obra Raiz, de Josephine Cho

A instigante instalação “Há quem diga que é verdade”, com direção de arte e curadoria assinadas por Felipe Morozini, é descrita como uma experiência imersiva que propõe uma análise obrigatória sobre o nosso tempo e o mundo irreal das redes sociais. A inspiração não poderia ser mais atual embora seja milenar: o Mito da Caverna, metáfora criada pelo filósofo grego Platão, no século IV a.C. para buscar uma resposta para a condição de ignorância em que vivem os seres humanos, aprisionados pelos sentidos e os preconceitos que impedem o conhecimento da verdade. 

“Há quem diga que é verdade” tem a participação dos criativos Humberto da Mata, Camila D’Anunziata, Palma, Nicole Tomazi + Sergio Cabral, Ian Diesendruck, Silvia Jábali e Josephine Cho.

Ary Diesendruck

A instalação proporciona uma viagem ao interior de uma caverna, que se traduz por lar, o refúgio que traz conforto e protege. A caverna traz sombras e traz paz, à medida que as formas rígidas não são mais importantes. Neste universo cavernal, lúdico, afetivo e amorfo, as pessoas criam suas próprias realidades. A luz no seu interior vem de “Pilares”, obra de Camila D’Anunziata.

Ary Diesendruck

Em uma geometria espacial, referente à realidade alienígena de outros planetas, superfícies brutas são aplicadas no espaço, nas artes e no design. Com provocações estéticas, a instalação questiona definições sobre o que é feio ou bonito. “As Centopéias” são a interferência de Ian Diesendruck na instalação.

Ary Diesendruck

A exposição dos produtos é potente, com trabalhos únicos feitos à mão, todos orgânicos, como as peças que compõem a “Biogalactica”, de  Nicole Tomazi e Sergio Cabral.

HÁ QUEM DIGA… 

Ary Diesendruck/ Obra Espelho, de Humberto da Mata

“Uma viagem ao interior de uma caverna, tendo como fio condutor, a similaridade entre a alegoria de Platão e nossos tempos e as mídias sociais.

Um caminho rumo a um mundo sem formas definidas, todas orgânicas e abstratas, todas vindas da terra e da pedra.

O onírico e o lúdico como escapismo de um tempo grotesco.

A caverna como metáfora do nosso próprio lar. Do nosso próprio ser, talvez. O que protege. O que traz conforto.

Mas outras metáforas também. Outras memórias.

Não são apenas sombras.

A ilusão da tela é a mesma da sombra na caverna.

A ilusão por realidade. Um outro critério de realidade.

O oráculo como passagem de luz, como uma saída possível do mundo sensível, para um futuro impossível.

Ao ir em direção à luz, levar junto com você a humanidade.

Uma geometria espacial, no sentido de vir de outro planeta, amorfa, pela única razão do deslocamento do objeto e suas funcionalidades, práticas ou estéticas.

Na busca dos artistas e designers, também optamos por pensamentos e formas abstratas, com discursos poderosos e realistas, quase surrealistas.

Os olhos irão doer. Porque enxergar dói mesmo.

A consciência intrínseca na própria existência do ser, apenas sendo.

Uma experiência sensível e questionativa sobre nossos (outros) tempos.”

(Texto descritivo de Felipe Morozini, diretor de arte e curador da instalação)

+ INFOS

Estar Móveis tem no comando as empresárias Edith Diesendruck e Raquel Fogelman, que comemoram 69 anos da marca. Com essência contemporânea, a proposta é apresentar uma seleção de produtos atemporais, com bom desenho e inventivos. A Estar Conceito, onde está a instalação “Há quem diga que é verdade”,  foi concebida para ser um lugar de inspiração, informação e experimentação. 

PARA ENTRAR NA CAVERNA

Até 9 de outubro, a partir das 10h

Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1080, São Paulo.