Coisa Nova - Fashion

por Nereide Michel em 14/09/2023

 O calendário da moda ganha novas cores e propostas para acompanhar o clima livre, leve e solto, que chega com o verão. Marcas brasileiras fazem escala nas mais diversas inspirações para ampliar as possibilidades de escolha do destino onde cada fashionista deseja desembarcar na temporada 2024.

ESCALA: TROPICÁLIA

Leo Faria

Celebrando a fusão entre habilidades artesanais primorosas e a vibração dos anos 70, nasceu a coleção “Tropicália”, da PatBo. O cenário para a sua apresentação não poderia ser mais festivo. Como única marca brasileira no calendário oficial da New York Fashion, ela deu o toque de brasilidade na passarela internacional. Entre os destaques, looks totalmente bordados com cristais, contas de madeira e penas, em tons terrosos, que remetem ao estilo característico da década que viu nascer o movimento. Uma simbiose rústico-couture. 

Leo Faria

Além do bordado manual, técnicas como richilieu foram incorporadas às alfaiatarias modernas, inclusive no jeans enriquecido com bordados contemporâneos de plumas e pedrarias. A renda metálica em tons, como apricot e rosa seco, evoca um ar vintage e valoriza a paleta, enquanto o corset é a companhia de vestidos esvoaçantes. O beachwear couture apresenta jersey com foil, combinando maxi flores e pedrarias de forma artesanal. Em cada detalhe do processo criativo a assinatura de Patrícia Bonaldi.

Leo Faria

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Além de assinar o skincare oficial, a Simple Organic Beauty, marca de cosméticos orgânicos, veganos, naturais e cruelty-free, responsabilizou-se pela neutralização das emissões de carbono durante o desfile da PatBo. A marca se propôs a compensar o carbono emitido por meio do financiamento do plantio de árvores em sistemas agroflorestais. A ação considerou a compensação desde o consumo de energia, a logística da equipe, incluindo os deslocamentos aéreos, a montagem e a desmontagem da estrutura do evento.

ESCALA: NATUREZA

Zé Takahashi

A mineira Fabiana Milazzo, que privilegia o feito à mão e a atemporalidade em suas criações, fez escala na Natureza no verão 2024. Sua coleção Florescer, desfilada na Casa Ema Klabin, em São Paulo, reflete a paixão da estilista pelas plantas, jardins e hortas.

Zé Takahashi

Formas orgânicas e uma nova técnica criada para o uso do couro estão presentes nos modelos realçando detalhes que remetem à natureza, como os veios das plantas. Na paleta, cores suaves aos tons neutros e vibrantes: lilás, rosa baby, azul serenity  amarelo claro, off-white, vanilla, cinza claro, várias nuances de verde – pistache,  sálvia,  menta, eucalipto, grama, jade e maçã – coral, iris bloom e azul intenso.

Zé Takahashi

Nos bordados, outro apreço de Fabiana Milazzo, a inspiração também veio dos seus jardins, como o vertical que deu origem a um vestido todo bordado à mão que remete a samambaia, sapatinho de judia, chifre de veado, trapoeraba, entre outras espécies. As orquídeas, rosas, asplênios, croutons estão nas aplicações em crepe, musseline e cotton supreme.

ESCALA: PASSADO E FUTURO

Divulgação

Com a chegada da primavera, a Amaro vestiu a sua coleção com a dualidade “passado e futuro”. Peças unem dois movimentos opostos: o vintage e o virtual. Ao mesmo tempo em que se cultiva a história e a tradição se conversa com o amanhã e suas expectativas.

Pinceladas de arte também estão presentes nos modelos uma vez que neles estão referências da exposição  “Monet – Mitchell”. A mostra apresenta os contrastes entre o último período de Claude Monet e as obras do expressionismo abstrato da artista modernista Joan Mitchell. Os modelos trazem aplicações metalizadas em tweeds clássicos, estampas digitais com aspecto aquarelado e opções com um menor impacto ambiental feitas de fibras recicladas.

ESCALA: ILHA DE CAPRI

Álvaro Pacheco

Não por acaso, a curitibana Compagnia Internazionale foi assim batizada. Desde o seu nascimento, as irmãs Tatiana e Larissa Hycsy, que comandam a marca, pautaram o seu processo criativo e produtivo nos cânones da refinada costura gerada nos ateliers de Milão. Por isso, também não por acaso, a Compagnia Internazionale celebra, uma vez mais, os cenários italianos em uma coleção. “Ciao Capri” é o verão 2024 da grife e convida para um mergulho nas  águas cristalinas da ilha, um dolce far niente de dias passados al mare e noites animadas em seus principais points. A inspiração, segundo Tatiana Hyczy, estilista da marca, veio de um visual onde o clássico da arquitetura italiana e o colorido da natureza se entrelaçam.

Álvaro Pacheco

Álvaro Pacheco

A coleção  divide-se em duas linhas, a festa com modelos com movimento e leveza, corseletes de seda pura e saias de tule. E a linha casual, com vestidos para o dia dia e conjuntos de saias e blusas. As peças são confeccionadas em cores neutras e estampadas com desenhos, como o de fio de corda. 

ESCALA: “UPCYCLING”

Growth Global

Ventana marca catarinense, embarcou para Nova York para em clima de Semana de Moda, que acontece em setembro na Big Apple, apresentar no Canoe Studios, a sua coleção “Suture”. Desembarcou com a proposta de mostrar como é possível criar peças únicas a partir de sobras de tecidos e outros materiais. Neste lançamento, os descartes vieram dos ateliers da Dod Alfaiataria, Aluf, Class, Torus, BCrew, Aguiar, Erente, Katsukazan e Teray ou foram garimpadas em bazares e brechós.

A “Suture”, formada por nove modelos, começou ser desenvolvida em junho deste ano. Como destaca Gabrielle Pilotto, fundadora e diretora criativa da Ventana, “ o processo de criação é longo e minucioso, existem peças que foram costuradas à mão, outra que levou mais de 60 horas para ser finalizada.” Cada uma tem o seu tempo e sua história, daí serem exclusivas.

Growth Global

O apoio de colaboradores valoriza o conceito de cada coleção. No caso da “Suture”, a bolsa Cidade Mágica, em parceria com a Katsukazan, utiliza a técnica de patchwork e retalhos da produção da marca nas cores preto e off-white. No seu interior, cabe um mundo inteiro de possibilidades. Os calçados tiveram a parceira da Aguiar, que também optou por sobras de corte de suas criações. Com a Erente, focada em joias, surgiu a bolsa Delírio totalmente feita por colares, correntes e acessórios de metal de segunda mão. Já as peças feitas de crochê nasceram a partir da junção de squares feitos a partir das sobras de linha da artesã Gladys Pilotto, tia de Gabrielle. As embalagens de todas as peças ganharam uma assinatura única, com arte em stencil, marcando o início do voo internacional da Ventana.