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por Nereide Michel em 01/04/2024

Quando se passa algum tempo fora da cidade natal é normal que no retorno ao ninho ocorram descobertas –  fatos, situações e até atrativos, que por serem tão de “casa”, passavam despercebidos. A ausência tem este poder – o de dar subsídios à formação de um estilo construído a partir do que se desconhecia ou ignorava e que ganha concretude  assim que se restabelece o cordão umbilical com as origens.  Com esta teoria como enredo, a atriz Guta Stresser define uma das atrações do Festival de Curitiba a ” Mostra à Curitibana”, que entra em cartaz no miniauditório Glauco Flores de Sá Brito, de 2 a 7 de abril.  São quatro peças da Cia À Curitibana, com a participação, em sua maioria, de naturais da cidade  e que, por algum tempo, estiveram sob os holofotes carioca ou paulista. Artistas que voltaram com o desejo de retomar um projeto e de jogar nele luzes locais – um teatro à curitibana.

PROGRAMAÇÃO NATIVA

A “Mostra à Curitibana” faz parte do Fringe e inclui as peças inéditas “As Santas”, baseada na obra de Jean Genet e que tem pai e filho no elenco, Danilo e Diego Avelleda  e “Cidades Mortas”, protagonizada pelo ator Mauro Zanatta, inspirada nas obras “Um Homem Honesto” (Monteiro Lobato), “Sermão do Bom Ladrão” (Padre Antônio Vieira) e a “Carta a Pero Vaz de Caminha”. Já  o espetáculo digital “Estórias de Muitos Amores”, com direção de Rafael Camargo, “Os Analfabetos”, que tem Guta Stresser no elenco, a oficina “Atriz, Ator, e Seus Instrumentos” (Corpo, Voz e Imaginação)”, ministrada pelo ator e diretor Adriano Petterman, e o debate “Teatro em Grupo e Suas Linguagens Num Contexto Brasileiro e Contemporâneo” – uma troca de experiências sobre o “fazer teatral”- completam a programação.

“AS SANTAS”

Divulgação

Baseado em “As Criadas”, de Jean Genet, o drama “As Santas” aborda temas como poder, dominação, submissão e identidade. A peça destaca os valores e instintos marginais das personagens e do próprio autor. É uma ode à imperfeição, um espelho para o público, uma aventura no universo “bandido” de Genet, apelidado de “O Santo”. A direção é de Adriano Petermann e no elenco estão Danilo Avelleda, Heloisa Giovenardi e Diego Avelleda. “Tem sido bem desafiador, todos nós nos debruçamos na dramaturgia de Genet e percebemos o quão profunda, é uma obra com muitas camadas, com a junção de diferentes linguagens como a farsa e o realismo”, explica Giovenardi. Lembrando que em 1969, Danilo Avelleda participou da montagem de “As Criadas”, em Curitiba, no Teatro de Bolso, e agora retorna à sua encenação – uma peça com inspiração na obra original.

Em cartaz nos dias 3, 5, e 7 de abril, às 19h, e no dia 6, às 17h. Classificação etária: 16 anos. Ingressos a partir de R$ 25,00 no site do Festival de Curitiba https://festivaldecuritiba.com.br/atracao/a-santa/

“CIDADES MORTAS”

Do conto “Um Homem Honesto”, de Monteiro Lobato, nasce o jogo das relações: honestidade e corrupção. João, honesto, esbarra numa maleta de dinheiro. Devolve a maleta? Tudo poderia correr bem, mas… A vida vira um inferno. Um embate entre opostos, possibilitando diferentes leituras dos personagens.

A direção e adaptação do texto é de Mauro Zanatta, que também integra o elenco, ao lado da atriz Stella Mariss.

Em cartaz nos dias 4 e 6 de abril, às 19h, e nos dias 5 e 7, às 17h.  A classificação etária é de 14 anos de idade. Ingressos a partir de R$ 25,00 no site do Festival de Curitiba https://festivaldecuritiba.com.br/atracao/cidades-mortas/ 

“ESTÓRIAS DE MUITOS AMORES”

Alan Raffro

Uma estória de muitos amores e muitos destinos! Ela se passa no picadeiro de um circo falido, onde um palhaço cego que não vê mais graça, um trapezista sem braço, uma bailarina que não dança e uma jovem que quer fugir com o circo, dizem da quase impossibilidade de sermos.

A peça ganhou o prêmio Gralha Azul 2023. A direção é de Rafael Camargo, com texto de Domingos de Oliveira, Maurício Vogue, Mauro Zanatta e Stella Mariss. No elenco,  Adriano Petermann, Anderson Fregolente e Chiris.  A trilha sonora é do músico Gilson Fukushima.

Em cartaz de 2 a 5 de abril, às 14h. Os ingressos são da modalidade “pague quanto vale”, na qual o espectador paga a quantia que quiser. Classificação etária: 12 anos de idade.

“OS ANALFABETOS”

Adriano Petermann

O tema de “Os Analfabetos” é a incomunicabilidade nas relações humanas e a constante necessidade de adequação aos diferentes papéis que nos obrigamos a exercer ao longo da vida prática e racional, em confronto com os sentimentos reprimidos dia a dia.

Em cartaz de 2 a 7 de abril, às 21h. Classificação etária: 14 anos de idade. Ingressos a partir de R$ 25,00 no site do Festival de Curitiba https://festivaldecuritiba.com.br/atracao/os-analfabetos/

Oficina “Atriz, Ator, e Seus Instrumentos” (Corpo, Voz e Imaginação)

Ministrada pelo ator e diretor Adriano Petermann, a oficina é indicada para iniciantes, estudantes e arte educadores. Ela tem, como objetivo, criar atores conscientes de si. A ideia é criar um corpo “zero”, tornar-se uma folha em branco para a partir daí, “desenhar” o personagem, com a utilização de textos teatrais.

A oficina acontece de 3 a 6 de abril, a partir das 10h30. O evento é gratuito. A classificação etária é de 16 anos de idade.

Debate “Teatro em Grupo e Suas Linguagens Num Contexto Brasileiro e Contemporâneo”

O debate tem como objetivo reunir artistas e técnicos para uma troca de experiências sobre os vários saberes e percepções em relação ao atual fazer teatral enquanto desenvolvimento e a busca de uma linguagem e identidade de um teatro nacional. Com as participações de Adriano Petermann, Anderson Fregolente, Chiris, Danilo Avelleda, Diego Avelleda, Heloisa Giovenardi, Mauro Zanatta, Stella Mariss, Guenia Lemos, Guta Stresser, Gabriel Gorosito, Elisan Correia e  Anderson Fregolente.

O debate acontece no dia 7 de abril, a partir das 14h. A entrada é gratuita. A classificação etária é de 14 anos de idade.

+  INFOS

As peças, oficinas e debates da “Mostra À Curitibana” acontecem no miniauditório Glauco Flores de Sá Brito, Rua Amintas de Barros, 70.