Linkultura

por Nereide Michel em 01/12/2015

Nem a chuva que teimou em fazer parte do cenário curitibano, durante o mês de novembro, diminuiu o brilho extra que invadiu a capital paranaense. A causa, sem relação direta com a meteorologia, é detectada sem necessidade de investigação científica: a Bienal Internacional de Curitiba, que nesta edição tem como tema Luz do Mundo. Escolha feliz para uma cidade que tem como padroeira Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Aliás, a Catedral Metropolitana, na Praça Tiradentes, que abriga a Santa dos curitibanos, é o endereço da videoarte Três Mulheres, assinada pelo artista plástico americano Bill Viola.

 A Bienal Internacional de Curitiba  trouxe para a cidade nomes de destaque internacional, nacional e local como Carlo Bernardini (Itália), Dan Flavin (EUA), Eliane Prolik (Brasil), Iván Navarro (Chile), Jeongmoon Choi (Coreia do Sul) , Odires Mlászho (Brasil) e Julio Le Parc (Argentina/França).  Com maior integração na cidade, o evento, que tem como diretor Luiz Ernesto Pereira, acendeu luzes  nos quatro cantos da capital paranaense. Julio Le Parc é o homenageado do evento e tem 16 obras expostas no Museu Oscar Niemeyer, entre estas Sphhère Rouge e Lumière Alternée.

A obra de Anthony McCall tem como objetivo mostrar aquilo que torna tudo visível: a luz. Em seu espaço no Palacete dos Leões/BRDE, com apenas projetores ocultos e neblina artificial o artista coloca em cheque o conceito tradicional de escultura — uma porção de matéria tangível —, ao transformar feixes de luz em formas geométricas impalpáveis, que ele designa  como “pura escultura”.

 A vida moderna em seu tumulto de imagens públicas (nas ruas) e privadas, ou supostamente privadas (celular, Facebook), tem empurrado cada vez para mais longe as necessárias experiências de subjetividade um dia possíveis. Eliane Prolik  propõe uma instalação, onde a presença insistente da dimensão pública da luz, e de uma luz em particular, a vermelha, é a personagem central e tão intensa que toda subjetividade é anulada em favor do comando social por ela representado e que não pode ser contestado. Segundo ela, “as luzes vermelhas estão por toda parte. As luzes das lanternas vermelhas traseiras e que indicam as frenagens dos veículos cortam no tecido da cidade um de seus dois fluxos centrais de organização: visto de perto ou de longe, o fluxo das luzes brancas dos faróis dianteiros é compensado largamente pela linha densa das luzes vermelhas traseiras no fluxo ao lado.”  A obra está no Museu Oscar Niemeyer.

 

 ALÉM DA BIENAL

A Bienal Internacional de Curitiba encerra no dia 6 de dezembro, mas ela vai continuar espalhando sua luz pela cidade através do trabalho de alguns artistas que optaram em manter seus trabalhos à vista do público, mesmo com o encerramento do evento. É o caso de  Tom14, artista plástico que levou cores à rodoferroviária com intervenções feitas em parceria com o programa Tudo de Cor Para você das Tintas Coral. Já a bicicleta gigante do artista Cesar Ferreira, 50% confeccionada com materiais recicláveis, com certeza, vai se transformar em um dos símbolos da mobilidade urbana e sustentabilidade da capital dos paranaenses.

 Outras obras, que fazem parte do circuito do evento,  vão ter datas estendidas. Por exemplo, a exposição Estações do artista Antonio Arney, que está no Museu de Arte Sacra, no Largo da Ordem, vai permanecer aberta até o dia 14 de fevereiro de 2016. Com curadoria do crítico e poeta Adolfo Montejo Navas e da artista plástica Eliane Prolik, a mostra explora os vários significados da palavra, como estações da vida, do tempo, e  também dos passos últimos de Cristo.

 A participação de  Mariana Canet poderá ser conferida até o  dia 23 de dezembro, no Munespi , Museu Nacional do Espiritismo. São trabalhos de sua coleção Reflexos parte 2, “a luz, que é o reflexo, remete à reflexão, instiga o movimento, o tempo e o espaço, em experiências sensoriais.”, conceitua a fotógrafa curitibana a sua mostra para a Bienal Internacional de Curitiba.

 

Informações: www.bienaldecuritiba.org