Linkultura

por Nereide Michel em 28/11/2023

As cidades têm nomes e sobrenomes. De moradores que habitam cada um dos seus redutos. Alguns nominam, como homenagem, logradouros e outros deixam como herança a sua trajetória. Famílias que, com o seu trabalho, contribuíram ao desenvolvimento do seu local de origem e legaram para gerações futuras o testemunho de uma época. Famílias que emprestam a sua própria história à história de uma cidade. 

Família de Francisco Hauer e Maria Stephan Hauer, da Ferragem Hauer. Comércio e moradia no mesmo prédio.

Um exemplo da importância do entrelaçamento de famílias com a evolução de uma cidade está no recentemente lançado “Catálogo Seletivo de Documentos para a História Urbana de Curitiba: Família Hauer”. A obra tem como objetivo compartilhar documentos públicos e privados relacionados à história da capital paranaense a partir do acervo particular de uma de suas mais tradicionais famílias.

“Em cada rua de Curitiba há uma história, ou muitas. Em cada pedra assentada, há o suor de um trabalho, o resultado da luta por um sonho, o projeto de uma vida realizado. Nada do que vemos ao redor nasceu pronto, tudo frutificou daqueles que primeiro acreditaram na construção desta cidade em que hoje vivemos com conforto. Suas marcas, ações e contribuições estão espalhadas por todos os cantos”, diz José Augusto Leal Hauer no prefácio do livro.

Publicado pela editora Factum, a partir do trabalho da  historiadora Tatiana Marchette, o catálogo é uma contribuição valiosa para a preservação da memória urbana de Curitiba. Ele inclui a descrição e reprodução de acervo inédito que pertence à Família Hauer, bem como outros documentos mantidos por entidades que custodiam acervos históricos.

Acervo da Família Hauer.

Dentre os documentos destacados estão informações sobre as edificações icônicas de arquitetura eclética, muito presente na área central de Curitiba e que testemunharam as atividades da família Hauer, incluindo o Castelo José Hauer (atual campus da Uninter), o Palacete Hauer (na Praça Tiradentes), a antiga sede da Ferragens Hauer (atual Defensoria Pública do Estado) e a Casa Rene Hauer (atual bar Jokers).

O projeto cultural foi realizado por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba, com incentivo do Consórcio Servopa e do Instituto de Oftalmologia de Curitiba.

OBRA E AUTORA

A historiadora Tatiana Dantas Marchette  tem se destacado por dedicar-se à pesquisa de patrimônios culturais. Formada em 1996 em História e com mestrado e doutorado na matéria pela UFPR, é fundadora e sócia-gerente da Factum Pesquisa Histórica, uma empresa que desempenha importante papel na preservação da história de Curitiba e do Brasil.

Tatiana atuou como chefe da Divisão de Documentação Permanente do Arquivo Público do Estado do Paraná entre 2003 e 2009. Durante esse período, contribuiu significativamente para a instituição, tendo recebido o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo MINC-IPHAN, na Categoria Pesquisa e Inventário de Acervos.

PASSEIO PELA HISTÓRIA

Um roteiro que passa por prédios icônicos do cenário curitibano – tendo como referência o legado da família Hauer – é o convite para quem quer vivenciar a história e a arquitetura da cidade. A Factum Pesquisas Históricas promove este tour, que vai acontecer em mais duas datas 02 e 09 de dezembro, com o de objetivo “observar e identificar edificações de arquitetura eclética que testemunharam as atividades dos Hauer, ressignificando assim a memória coletiva da cidade”, segundo esclarece a historiadora Tatiana Marchette, autora do “Catálogo Seletivo de Documentos  para a História Urbana de Curitiba”.

POR ONDE PASSA

9h: O passeio começa no Castelo Hauer, à Rua do Rosário, antiga residência de José Hauer, o pioneiro da família a migrar para o Brasil e se estabelecer em Curitiba. O edifício hoje sedia a Reitoria da Uninter.  No local, o grupo será recebido pelo corpo docente da instituição, representado pelo professor André Luiz Cavazzani. Na sequência, serão compartilhadas as explicações sobre o passeio, indicando os pontos de parada, horários e finalização.

10h: O grupo segue em direção à Rua Mateus Leme, esquina com a Rua 13 de Maio, onde está o edifício que abrigou, entre o final do século XIX até meados do XX, o Teatro Hauer e outros cinemas dele originados.

10h40: Largo da Ordem, onde haverá observação do prédio e do entorno onde funcionou a Ferragens Hauer, um dos comércios mais populares dos Hauer na cidade, que hoje abriga a sede central da Defensoria Pública do Estado do Paraná, na Rua José Bonifácio, 66, fundos da Catedral Basílica Menor de Curitiba.

11h10: Calçadão da Rua XV de Novembro, parando para observar o edifício onde funcionou a loja O Louvre Curitibano e outros detalhes arquitetônicos relacionados ao tema.

11h50: Praça Tiradentes, parando em frente ao Palacete Hauer (onde hoje funciona uma loja de departamento) e em frente ao que foi o Palacete Comendador Franco, no outro lado da rua, hoje bastante modificado. Ambos concentraram diversas atividades privadas, de lazer e de trabalho, da família Hauer e outras famílias de cultura alemã.

12h: O passeio termina no Marco Zero de Curitiba, na Praça Tiradentes.

+ INFOS

Passeio aberto para 12 participantes, que podem se inscrever gratuitamente, através do formulário disponibilizado nas redes sociais da Factum: www.instagram.com/factumhistoria. O roteiro tem duração de três horas.