Linkultura

por Nereide Michel em 25/05/2022

Curitiba como cenário para inspirar livros que registram trabalhos arquitetônicos ou de interferências positivas na sua configuração urbana. Ana Carolina Boscardin, Edgard Corsi e Dante Mendonça são os autores de duas recém-lançadas obras que destacam interiores e exteriores da cidade.

Uma arquitetura sensível destinada a atender moradores de diferentes personalidades, privilegiando o uso racional de espaço, onde a leveza e a originalidade pautam todo o projeto. Assim pode ser definido o conceito que rege o trabalho de Ana Carolina Boscardin e Edgard Corsi. Dez espaços de interiores, com a assinatura da dupla de profissionais, na última década, foram selecionados para integrar um livro que também apresenta a nova identidade visual do escritório Boscardin Corsi, Desenvolvida em parceria com o designer Lucas Machado e construída de forma sistemática, ela resgata princípios da arquitetura modernista.

“A Rua e a Bruma, a Régua e o Compasso –  Romance da Revolução Urbana de Curitiba”, o título do livro já é um resumo do que está nas suas páginas. A transformação do cenário da capital paranaense, que teve como marco principal o nascimento um tanto nebuloso da Rua das Flores, que completa 50 anos em 2022, na ótica e na escrita de quem acompanhou de pertinho todo o rebuliço estrutural e paisagístico pelo qual passou a cidade.

 Dante Mendonça, catarinense de Nova Trento, mas curitibano desde a década de 70,  juntou história e ficção, personagens reais e imaginários, para compor a saga de uma “nova e mais receptiva Curitiba” a partir  do fechamento ao tráfego de um trecho da sua principal rua. A XV de Novembro foi entregue aos pedestres sob os protestos iniciais dos comerciantes, que estranharam ter as fachadas de suas lojas voltadas para uma via sem circulação de veículos.

O livro recua no tempo e desvenda a Curitiba que era, bem antes da que passou a ser na década de 1970, a partir das vivências de Zenaide e Gérard Lauzier. Ela, de nome inspirado numa página desenhada pelo cartunista francês Gérard Lauzier para a revista Realidade, e o próprio, que vem a Curitiba abrir sua exposição na Galeria Cocaco no mesmo dia do nascimento da Rua das Flores.  

Para Dante Mendonça, a contextualização da revolução urbana de Curitiba começa em 1949, com a vinda do maestro Xavier Cugat à cidade para um show na Sociedade Thalia. Da sisudez dos colégios católicos de influência francesa, por exemplo, ao ineditismo de uma galeria de arte como a Cocaco. Do Île de France à Velha Adega, do solo de trombone para um búfalo no Passeio Público à inauguração do Teatro do Paiol por Vinícius de Moraes – estas histórias e muitas outras resgatadas pelo autor testemunharam que algo estava acontecendo no perfil do curitibano e na sua inteiração com a cidade. Sobre o título do livro, esclarece o seu autor: A Bruma da ditadura militar do país. A Régua e o Compasso são do prefeito-arquiteto de Curitiba e sua turma de jovens pares de profissão, engenheiros, arquitetos, visionários, ousados e criativos.

A edição de “A Rua e a Bruma, A Régua e o Compasso” é do Sesc PR. Maringas Maciel clicou a foto da capa enquanto Jubal S. Dohms assinou a capa e o projeto gráfico da obra.