Linkultura

por Nereide Michel em 13/12/2022

A paisagem e a vida que nela habita. Preservá-las é um compromisso que não pode ser negligenciado sob pena de que a Natureza, tão acolhedora com suas belezas, não mais desfrutará das benesses que nos presenteia. Assim qualquer inciativa para divulgar sobre o meio onde habitamos ganha importância não apenas como registro mas como força propulsora de conscientização e motivadora de inspirações para atitudes similares. 

Duas obras lançadas recentemente têm este olhar carinhoso e agradecido voltado à Mãe Natureza. É ela a musa dos autores Zig Koch, Maria Celeste Correa e Fábio Ávila de “Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza” e  Renato Geraldo Mendes, de “Pedaços coloridos que ficaram”.

VOANDO COM  YBATINGA

O fotógrafo Zig Koch, a jornalista Maria Celeste Correa e o produtor cultural Fábio Ávila assumiram o compromisso de registrar em fotos e textos os parques e áreas de preservação do Paraná. Missão cumprida em 208 páginas fartamente ilustradas do livro “Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza. Um completo e interessante levantamento incluindo todas as regiões do estado, mostrando suas diferentes origens geológicas, características climáticas, entorno populacional e diversidade cultural.

Um passeio encadeado pela geografia paranaense para o qual tiveram uma cicerone muito especial, a gralha azul chamada Ybatinga, nome tupi para nuvem. Personagem criada pelos autores para deixar o conteúdo ainda mais atraente: ao longo de um sobrevoo desde o litoral até o extremo oeste do estado a ave vai explicando cada uma das paisagens. Com base em muita pesquisa com especialistas em geologia, geografia, história e meio ambiente, principalmente as do geólogo e naturalista Reinhard Maack,  o texto assinado por Maria Celeste Correa conta, por exemplo, como se formaram as montanhas da Serra do Mar, o primeiro, o segundo e o terceiro planaltos e demais cenários dominantes do Paraná.

Zig Koch, uma carreira dedicada a fotografar a Natureza. Premiado em concursos nacionais e internacionais,  é autor de 17 livros com esta temática.

Os parques e áreas de preservação – estaduais e federais – ganharam capítulo próprio. Logo na sequência do voo da Ybatinga, uma verdadeira e interessante aula ajuda a entender em qual das paisagens cada leitor se insere. No caso do Parque Estadual Pico Marumbi informa-se a origem da Serra do Mar e como ela se transformou no que é hoje enquanto nas imagens do Parque Vila Velha aprende-se que se está olhando para um passado remoto no qual a região já foi fundo de um oceano.

Na terceira parte do livro, duas outras participações especiais: Augusto Junqueira, pseudônimo de Fábio Ávila, é a assinatura nos textos ilustrados pela artista Birgitte Timmler, com expressivos traços feitos com caneta esferográfica. Nela, conhece-se um pouco sobre os municípios, como Adrianópolis, onde está localizado parte do Parque Estadual da Lauráceas, com estradas muito procuradas por motociclistas por suas belezas naturais, berço de dois quilombos, Córrego das Moças e o João Sura, local de fabricação do Vinho de Jabuticaba.

APOIOS

Zig Koch

-O projeto “Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza, aprovado em leis de incentivo estadual e federal, foi viabilizado com o patrocínio de empresas e entidades com atuação no estado do Paraná, incluindo apoiadores que se utilizaram da renúncia fiscal e também de patrocínio direto: Sanepar, Compagás, Copel, Sistema Fecomércio, Grupo Potencial, Grasp, Berneck e Klabin.

-Além dos livros doados às escolas e os exemplares que serão repassados aos patrocinadores do projeto, parte da edição está destinada ao Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba para campanhas de arrecadação de fundos para a instituição. 

UM INSPIRADOR PARQUE

O Parque Barigüi mais que uma pista de caminhada para manter a rotina de exercícios – comprometida durante a pandemia com o fechamento das academias –  revelou-se  uma inspiradora musa para o advogado e escritor Renato Geraldo Mendes. Enquanto dava as suas ritmadas passadas começou a observar no cenário dos seus passeios novos e emocionantes ângulos que encontraram refúgio nos seus pensamentos e se transformaram em sensíveis rimas e textos. As constantes mudanças da Natureza a cada estação foram traduzidas em palavras e também em imagens.  “Pedaços coloridos que ficaram” traz a união de 150 fotos e 171 poesias em uma obra de 285 páginas, que tem a sua autoria.

Renato Geraldo Mendes

O livro retrata sentimentos e proporciona reflexões por meio da sensibilidade da poesia. No texto “Último Desejo”, por exemplo, Renato Mendes aborda a importância de guardar boas lembranças e deixar de lado o que não importa mais. “Se eu pudesse perpetuar algo que vivemos, eternizaria o último abraço, o último olhar e o último desejo. Só não guardaria as lágrimas que deixamos para chorar depois” define em uma de suas poesias.

Natural de Tubarão, Santa Catarina,  Mendes adotou Curitiba para viver há mais de 40 anos. Desde os 18 anos na capital paranaense, onde se formou, construiu carreira e família, o escritor sempre manteve dois hábitos dos quais gosta muito: ler sobre os mais diferentes assuntos e conversar com as pessoas. “Da leitura e das conversas ao longo dos anos surgiram reflexões, ideias, dúvidas e respostas. Essas questões me levaram a estudar e a tentar compreender a existência humana e suas questões centrais (infelicidade, solidão, paixão, amor, angústias, hipocrisia, medos, decisões, egoísmo). Há alguns anos comecei a pôr no papel o resultado destas reflexões. Assim, surgiu o projeto ‘O homem que lia almas’, uma trilogia literária que trata de uma incrível jornada pela alma e essência humanas”, conta o escritor.

“Pedaços coloridos que ficaram”, de Renato Geraldo Mendes, é uma edição da Casa 10 e pode ser adquirido nas Livrarias Curitiba, Livraria da Vila e Amazon.