por Nereide Michel em 10/02/2022
Exposições e mostras nos mais diversos espaços curitibanos compõem um interessante e diversificado roteiro de arte na cidade. Aproveitar os dias agradáveis de verão para conhecer o trabalho de pintores, fotógrafos e designers é uma excelente dica para ampliar conhecimentos e valorizar a produção autoral dos artistas locais.
NA BORDA DO CORPO
O projeto artístico “O corpo na linha de borda”, em cartaz no Museu Municipal de Arte- MuMa, tem uma proposta inovadora uma vez que incluiu a participação do público em todas as etapas do seu processo, que começou no dia 04 de dezembro de 2021 e vai até o próximo dia 22 de fevereiro. Trata-se de um coletivo composto por 12 artistas: Ana Beatriz Artigas, Bernadete Amorim, Claudia Lara, Efigênia Rolim, Giovana Casagrande, Gustavo Caboco, Leila Alberti, Luan Valloto, Luciá Consalter, Marília Diaz, Rafael Codognoto e Verônica Filipak.
Segundo os seus participantes, produzir obras dentro do espaço expositivo e vivenciar a experiência artística em convivência com os outros artistas e o público amplifica a compreensão do processo criativo e contribui para a completude da comunicação em arte. Outro diferencial do projeto é que todos os artistas envolvidos são co-curadores, em parceria com a curadora principal Leila Alberti. A ação foi pensada de forma coletiva e imersiva, com abertura e participação dos envolvidos em todas as fases, incluindo a feitura das peças, que agora estão em exposição no MuMa – local onde ocorreu toda a concretização do projeto.
Divulgação/Assessoria
A ação começou antes da abertura da mostra, quando o público presenciou em tempo real a elaboração das obras. O resultado deste trabalho pode ser visto presencialmente no museu até 22 de fevereiro. Cada artista exibe uma criação sua, que tem um QR code (código virtual) pelo qual é possível assistir pelo celular vídeos que relatam conceitos das obras e de seus processos.
Várias ações estão programadas pelo coletivo ao longo de período expositivo com divulgação pela assessoria de imprensa, canais do museu e redes sociais, nas plataformas: Facebook: https://www.facebook.com/ocorponalinhadeborda e Instagram: @ocorponalinhadeborda
ONDE ESTÁ
O corpo na linha de borda
Até 22 de fevereiro de 2022
Local: Museu Municipal de Arte (MuMA)
Horário de funcionamento: 10h às 19h (3ª feira a domingo)
Endereço: Avenida República Argentina, 3430, Terminal do Portão, Portão
Contato: (41) 3329-2801
Entrada gratuita
portaocultural@fcc.curitiba.pr.gov.br
NATUREZA E FOLCLORE
O fotógrafo paranaense Fernando Corrales está apresentando duas mostras, com trabalhos do seu acervo pessoal, no Marbô Gastronomia de Origem: uma se divide em África e Pantanal e a outra tem a Congada como tema.
O objetivo da exposição, de acordo com a produtora Fernanda Corrales, é mostrar pela primeira vez outras vertentes do artista que desvenda riquezas antes guardadas na memória de um computador. Segundo ela, “as cores fortes e a alegria estão presentes em todas as imagens, característica marcante do autor. A linha estética seguida na edição das fotos foi criada por ele mesmo e segue em todas as suas coleções”.
Na mostra “Sob o deserto, savanas e Pantanal”, estão imagens dos desertos da África, ente eles Dead Vlei, Namibe, Dune 45, demonstrando através delas, a riqueza de suas paisagens, a grandiosidade da natureza e sua força. Nas suas viagens, Fernando Corrales fotografou a vida nas savanas africanas e suas etnias, entre elas os Himba, Bushman, Hererós e Massais, explorando as características de cada uma. Os Bushman, por exemplo, vivem da mesma forma há 50 mil anos, mantendo intocável sua cultura através dos séculos.
As fotos que têm o Pantanal como cenário foram clicadas tanto no sul como no norte do estado do Mato Grosso, próximo a Porto Jofre. A proposta é passar de forma alegre, viva e colorida as belezas da Natureza como ela é vista.
As fotografias da mostra Congada, manifestação que faz parte do folclore brasileiro, são fruto da pesquisa e acompanhamento do autor no Encontro da Congada de 2012 e 2013, que é comemorado anualmente na cidade de Três Ranchos, no interior de Goiás. Na Congada, diversos grupos ou “Ternos”, como são conhecidos, reúnem-se para celebrar Nossa Senhora do Rosário, a homenageada da festa. O evento, que simboliza a resistência desde o período escravocrata no país, também é conhecido na região como a festa dos Santos Pretos – dura uma semana, iniciando com a chamada Alvorada, novenas diárias, levantamento das bandeiras, a troca das Santas na igreja construída por eles, e o encerramento com todos os grupos tocando nas ruas em um comovente espetáculo de fé.
ONDE ESTÁ
“Sob os desertos, savanas e pantanal” e “Congada – Alegria em Três Ranchos”
Até 29 de maio de 2022, das 11h às 16h, de terça a domingo.
Local: Marbô Gastronomia de Origem , Rua Dr. Faivre, 621, Centro, Curitiba
Visitação: gratuita
Contato: (41) 99161 2438
MINAS QUE FAZEM ARTE
Trinta e duas artistas mulheres, residentes em Curitiba, participam da Mostra Muchas Minas em cartaz no Sesi Cultural. Elas trabalham com a pluralidade, tal como propõe o nome do coletivo, e as obras incluem gravura, pintura, escultura, vídeo-arte, vídeo-performance, desenho, bordado, collage, fotografia e outras experimentações da arte contemporânea. “São trabalhos pulsantes, que dão voz a questões de identidade, corpo, maternidade e abstrações que se misturam com contemplações”, define a curadora da mostra, Michele Micheletto.
As artistas convidadas são Ana Matsusaki, Anelise Fylyk, Bomju Coelho, Bruna Alcantara, Bruna Pereira, Carol Lemes, Charly Techio, Constance Pinheiro, Cristina Pagnoncelli, Cristina Rosa, Erika Lourenço, Erica Storer, Fernanda Rodrigues, Gio Soifer, Karla Keiko, Katia Villagra, Lala Luz, Leticia Mancebo, Lola Nankin, Lúrian Louise, Lu Tavares, Luana Muniz, Luciana Gnoatto, Maria Baptista, Mariê Balbinot, Nicole Lima, Patrícia Nies, Pétala Cavalcanti, Pretícia Jerônimo, Regina Costa Curta, Shana Lima e Xan.
ONDE ESTÁ
I Mostra Muchas Minas
Até 25 de março de 2022
Local: Centro Cultural Sistema Fiep – Unidade Celso Charuri, Rua Paula Gomes, 270, Centro
Horários de visitação: Segunda à sexta, das 9h às 22h. Aos sábados: 9h às 18h
Entrada franca
A mostra é uma realização de Mucha Tinta e conta com o incentivo de Ebanx, Fundação Cultural de Curitiba, Lei de Incentivo à Cultura, Prefeitura de Curitiba. Apoiadores : Bernando Bravo, Sistema Fiep – Sesi Cultura, Embaixada da Espanha no Brasil, Centro Europeu, Tintas Vergínia, Suvinil, Cedespr, Sanepar, Observatório Criativo, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Condo Consult.
ARTISTA COLECIONADOR
João GG está com a sua mostra “Latitude 35” na SOMA Galeria. O artista plástico já participou de diversas exposições no Brasil e no exterior (expondo na Ásia com destaque). “Latitude 35” é a sua primeira individual em Curitiba. O nome que a batiza é uma referência à linha imaginária que corta a região do Rio Grande do Sul, estado de origem do artista.
“Juntos, estes trabalhos buscam pensar sobre suas próprias origens e sobre os aspectos míticos e físicos da geografia gaúcha, fazendo emergir um lugar onde os mistérios da ficção suplantam de vez a aspereza da realidade”, afirma Renato Menezes, curador da exposição.
As obras apresentam um hibridismo de técnicas e de materiais, como vespeiros, raízes, ossos, crustáceos e sedas que se associam a papéis antigos, vidros finíssimos, bibelôs, estatuetas, pingentes e badulaques. Um trabalho de um artista-colecionador. “Se ‘toda coleção é uma forma prática de memória’, então João GG a exerce na medida em que encontra objetos singulares, vazios de utilidade e cheios de completude, que se reorganizam entre si e se reviram sutilmente na espessura das narrativas pessoais”, explica Renato Menezes.
ONDE ESTÁ
“Latitude 35”, de João GG
Até 20 de fevereiro de 2022
Local: SOMA Galeria
Endereço: Rua São Francisco, 179 (no multiespaço SFco179)
Visitação: de terça a sábado das 14h às 19h
A MULTICULTURAL ÁFRICA
Uma visita ao MON – Museu Oscar Niemeyer- – não tem dia, nem hora para ser agendada. Vale a pena incluir suas exposições em um roteiro de arte – o impacto e a emoção estão sempre assegurados nas diversas mostras que ocupam as suas amplas instalações, como o espaço do Olho, moradia até 3 de abril da extensa obra dos irmãos grafiteiros OSGÊMEOS.
Para exemplificar a qualidade e a diversidade do acervo do museu – e a curadoria dos trabalhos apresentados -, a exposição “África, Expressões Artísticas de um Continente” é um dos seus destaques. As obras foram adquiridas ao longo de mais de 50 anos pelo casal Ivani e Jorge Yunes, detentores de uma das maiores coleções de arte do Brasil, e doadas pela sua filha e herdeira, Beatriz Yunes, ao MON.
“A vinda da coleção de arte africana, com aproximadamente 1.700 obras é parte de um processo de consolidação do marco referencial do MON, que estabelece como diferencial da instituição prioritariamente colecionar arte paranaense e brasileira e expandir seu olhar não eurocêntrico para a arte latino-americana, asiática e africana”, explica a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika.
Máscaras, esculturas, bustos e cabeças de bronze, miniaturas metálicas, objetos do cotidiano e instrumentos musicais compõem a mostra. As obras têm origem em países como Costa do Marfim, Mali, Nigéria, Camarões, Gabão, Angola, República Democrática do Congo e Moçambique, entre outros.
“Com a exposição de objetos de heranças culturais tão distintas, encontramos aqui um importante ponto em comum: dentro do Museu, essas artes são elevadas a uma mesma plataforma artística, igualando a arte africana ao patamar da arte mundial. Eis uma maneira de honrar a ancestralidade visual do passado e de abrir os novos plantios, rotas e perspectivas dessa arte no futuro”, enfatiza Renato Araújo da Silva, curador da expressivo coletivo.
ONDE ESTÁ
“África, Expressões Artísticas de um Continente”
Museu Oscar Niemeyer
Sala 4
Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 18h
Rua Marechal Hermes, 999 , Curitiba
NAS PAREDES DA CIDADE
Dois murais de quase 200 metros quadrados cada, pintado nas proximidades do Passeio Público, em Curitiba, compõem uma exposição permanente, que pode ser vista e admirada pelo amplo público que passa pela região. Idealizado pela produtora Mucha Tintas e abraçado pelo coletivo Muchas Minas, que promove obras produzidas por artistas mulheres, o projeto juntou a espanhola Marina Capdevila e a paranaense Cris Pagnoncelli.
O mural de Marina Capdevila, uma das maiores muralistas do mundo, traz elementos de diferentes povos que constituíram a capital paranaense e é inspirado por uma beleza que não segue padrões estéticos. Uma senhora segura um hashi enquanto come pizza, toma uma bebida alemã “A diversidade está retratada por meio de um almoço diário em casa, com uma migrante anônima que já morou no bairro e moldou a personalidade do lugar que se enriquece com a contribuição de tantas culturas”, afirma a artista, que veio ao Brasil com apoio do escritório da Cooperação Espanhola para promover talentos artísticos espanhóis no exterior a fim de fortalecer as relações do seu país com nações latino-americanas.
Já em sua obra Cris Pagnoncelli decidiu trazer uma palavra que se conectasse com muita gente, mesmo que de forma individual: “coragem”. “Coragem para quebrar barreiras, coragem para sair da zona de conforto, coragem para mudar. É muito especial colocar uma arte com desenho de letras que busca trazer essa mensagem ligada ao meu momento, ao local em que estou pintando e ao contexto da cidade. Estou realizando um sonho de ter minha primeira empena solo onde vivo”, comenta a artista.
Tintas Suvinil, que completou 60 anos de atividades em 2021, e Tintas Vergínia, uma de suas revendedoras em Curitiba, se uniram para apoiar a realização da obra com dupla autoria: Marina Capdevila e Cris Pagnoncelli. “Curitiba é uma grande metrópole que vive intensamente a questão urbana. Arte e cultura se misturam nesta cidade formada por pessoas de locais diversos do país e do planeta”, analisa José Márcio Vasconcellos, Gerente Comercial Sênior para região Sul da BASF, detentora da marca.