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por Nereide Michel em 05/12/2023

Nas galerias curitibanas um roteiro que conduz pelo universo de inspirações e técnicas que marcam a trajetória de artistas de várias épocas. Formas de expressão e intenções esboçadas nas telas e capturadas pela sensibilidade do olhar. Oportunidade imperdível para conhecer o novo ou voltar a se emocionar com obras já conhecidas.

“POESIA EXPERIMENTAL PORTUGUESA”

Emerenciano, Mão. 2015

 A exposição “Poesia Experimental Portuguesa”, que está na Galeria Mezanino, da Caixa Cultural Curitiba, proporciona, pela primeira vez ao público brasileiro, um panorama dessa linguagem literária realizada em Portugal desde os anos 1960 até os dias atuais. São cerca de 80 trabalhos de 18 artistas portugueses, com curadoria de Bruna Callegari e Omar Khouri. A coletânea percorre uma trajetória de seis décadas de produção poética em diferentes formatos e suportes: impressões, pinturas, caligrafias, fotografias, objetos, áudios e vídeos. 

A. Neto, Alienação, anos 1980

Com produção da Espaço Líquido e conhecida pelas iniciais de Poesia Experimental, a PO-EX nunca se configurou como um movimento fechado e teve pouca visibilidade no Brasil, embora ambos os países compartilhem da mesma língua e os portugueses tenham sido influenciados pela Poesia Concreta brasileira. Na exposição, destacam-se obras de artistas como Ana Hatherly, António Aragão, Salette Tavares, Silvestre Pestana, António Barros, Fernando Aguiar, Abílio-José Santos, entre outros. Falecido no ano passado, o poeta E. M. de Melo e Castro, pai da cantora Eugénia Melo e Castro, recebe homenagem especial da curadoria.

O curador e poeta brasileiro, Omar Khouri, conta que a Poesia Experimental sempre foi considerada uma prática artística de resistência e transgressão. “Esta poesia nasce e se desenvolve no que se pode chamar Era Pós-Verso, instaurada pela Poesia Concreta, nos anos de 1950. Os experimentais são poetas que valorizam as visualidades todas, assim como as técnicas que as possibilitam”, esclarece. Já Bruna Callegari, também curadora da coletânea, em suas viagens a Portugal encontrou com artistas, colecionadores e instituições de arte e recolheu um variado material, que compreende desde revistas independentes, documentos, obras em papel, colagens, arte-postal, registros em vídeo e objetos. Ela lembra que a PO-EX é uma poesia que, desde o início, teve como característica a desmaterialização. Ela se fundou em um conceitualismo muito forte e utilizou meios e materiais frágeis e de pouca circulação.

ONDE ESTÁ

“POESIA EXPERIMENTAL PORTUGUESA”

Caixa Cultural Curitiba, Galeria Mezanino

Rua Conselheiro Laurindo, 280 , Centro

Informações: (41) 4501-8722

Até 21 de janeiro de 2024

Visitação: de terça-feira a sábado das 10h às 20h, domingos e feriados das 10h às 19h.

Acesso para pessoas com deficiência

Classificação Indicativa: livre para todos os públicos

Entrada Franca

“O LUGAR DO OUTRO”

Autorretrato, imagem produzida por Inteligência Artificial, 2023

“O lugar do outro” é o instigante nome da exposição do artista Marcelo Conrado que está no Museu Municipal de Arte de Curitiba – MuMA. Com curadoria de Bené Fonteles, a mostra apresenta a produção recente do artista, que transita por diversas poéticas, tais como pinturas e retratos produzidos por Inteligência Artificial. As implicações que a tecnologia da IA traz para o campo da arte, em especial sobre a autoria, está no alvo do seu atual trabalho – afinal, quem  é o autor de tais obras, o software ou o artista?

Mãe e filha, imagem produzida por Inteligência Artificial

Conrado produziu autorretratos, descrevendo a sua figura, suas obras e seu ateliê. Em seguida, o artista descreveu os outros. Muitas são pessoas em situação de vulnerabilidade que ele, que também é advogado, encontrou quando prestou assessoria jurídica gratuita, e outras, chamaram a atenção pela condição de desrespeito aos seus direitos – sofreram violência, preconceito ou abandono. Recorrendo à memória, procurou descrever o rosto de cada uma delas para a tecnologia da IA produzir os retratos, de acordo com as possibilidades oferecidas pelo software. Essas imagens podem ser consideradas fotografias? Retratos falados?

Complementando a exposição, pinturas e uma instalação que permite interação.  O artista segue com o propósito de aproximar os seus dois campos de atuação, o artístico e o jurídico. 

“O lugar do outro” conta com produção assinada por Rebeca Gavião Pinheiro e foi contemplada no Edital de Mecenato da Fundação Cultural de Curitiba.

ONDE ESTÁ

“O LUGAR DO OUTRO”

Marcelo Conrado

MuMA – Museu Municipal de Arte de Curitiba.

 Avenida República Argentina, 3430

Até 10 de março de 2024, de terça a domingo, das 10h às 19h

Estacionamento no local

“dejavu”

Cleverson

A Galeria Ybakatu completa 28 anos apresentando a exposição individual “dejavu”, obra do artista C. L. Salvaro, que reflete a trajetória do artista tendo como foco proporcionar uma experiência singular, que desafia a forma como se percebe o mundo ao redor, estimulando assim uma conversa sobre a sustentabilidade, a beleza efêmera e a capacidade de transformar o ordinário em extraordinário.

Cleverson

Na mostra, os trabalhos evidenciam a aproximação de materiais sintéticos com elementos naturais e arquitetônicos em arranjos simples. A complexidade do ambiente urbano e o impacto do consumismo são explorados através da superfície de embalagens e resíduos arquitetônicos, que, por sua vez, refletem e contrastam com os resquícios de construções e ruínas urbanas. A disposição contígua de objetos fragmentados sugere que a completude pode ser encontrada na própria multiplicidade dos fragmentos, evidenciando as conexões entre esses elementos dispersos. A interação dinâmica entre materiais orgânicos e os meios culturais vernaculares revela uma intrincada relação entre a criação humana e o cenário que a circunda.

A incorporação da palavra “dejavu” com a pronúncia equivocada é uma escolha deliberada, atuando como um reforço à recorrência do erro como um recurso poético na produção do artista. 

ONDE ESTÁ

EXPOSIÇÃO “dejavu”

C.L. SALVARO

Galeria Ybakatu

Rua Francisco Rocha, 62, Loja 06, Batel

(41) 3121-1103  e (41) 99536-8787

Até 22 de dezembro 

Visitas: de segunda a sexta, das 10h às 12h00 e das 13h30 às 17h, ou visita agendada

Entrada franca

“UIARA BARTIRA NO PÁTIO”

A exposição “Uiara Bartira no Pátio” está em cartaz no Espaço Cultural INC (Instituto de Neurologia de Curitiba), no Pátio Batel, dentro da proposta de aproximar Arte e  Saúde. Gravurista paranaense consagrada, com mais de 40 anos de carreira, a artista plástica traz em sua ancestralidade paterna o pioneirismo entre Arte e Medicina, o que a levou a realizar uma pesquisa profunda sobre a arte como neurociência. Quase 30 obras, entre pinturas e gravuras, compõem a mostra.

Segundo destaca Márcia Aracheski, curadora da exposição, “por ter vivenciado inúmeros processos relacionados à saúde, entre raios X durante a infância e a maternidade, além de reabilitações físicas, mentais e emocionais, Uiara Bartira incluiu no seu trabalho mais recente, de forma sutil, muito dessas experiências vividas, além de apresentar um aprimoramento das suas técnicas artísticas”. Exemplos dessa fonte de inspiração são as três gravuras da Série Autocura: Gravura e Neurociência e a tela Corpo e Memória.

Outros destaques da exposição são as seis pinturas da Série Natureza Humana, que participaram da XIV Florence Biennale (Bienal de Firenze), na Itália, em outubro deste ano e dez obras concretas das séries O Inalcançável e Impossibilidades e O Inatingível. Também na mostra, pinturas em óleo da Série O amor está machucado e a arte ferida, e uma pintura da Série Mulheres Biônicas.  De acordo com Márcia Aracheski, as transparências são um dos pontos que devem ser sinalizados nas obras reunidas no Espaço Cultural INC.

ONDE ESTÁ

“UIARA BARTIRA NO PÁTIO”

Espaço Cultural INC – Hospital INC Filial Pátio Batel

Pátio Batel, piso S1

Até 31 de janeiro de 2024

Visitação: horário de funcionamento do shopping

Segunda a sábado: 11h às 22h; domingos e feriados das 14h às 20h

Entrada: gratuita

“TRANS LAERTE”

Mesa pra 12

 “Trans Laerte”, exposição interativa inédita de cartuns, tirinhas e charges dos mais de 50 anos de produção da cartunista Laerte Coutinho, ocupa a Galeria Térreo da Caixa Cultural de Curitiba. O convite é para uma viagem pela criatividade fascinante de Laerte – TRANSformadora, TRANSgressora e TRANSmidiática. O público tem oportunidade de conhecer, rever e apreciar uma pequena amostra dos trabalhos da artista, reconhecida pelo talento de gerar inquietação advinda de uma aguçada inteligência e sensibilidade. E, é claro, a diversão é garantida graças a um estilo de humor e de ironia nem sempre fina.

Tesouros do Japão

A mostra oferece passagens por diversas fases do trabalho de Laerte como chargista e cartunista, desde a revista amadora Balão até sua produção mais recente, passando por uma intensa produção que inclui charges, tiras diárias, histórias de página única e outras mais extensas. A arquiteta Ana Kalil, responsável pelo projeto expográfico, teve o desafio de condensar cerca de 400 de seus trabalhos. Quem assina a curadoria é Nobu Chinen, pesquisador e escritor de vários artigos e livros sobre histórias em quadrinhos.

ONDE ESTÁ

TRANS LAERTE

Caixa  Cultural Curitiba

Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro, Curitiba

 (41) 4501-8722

Até 28 de janeiro de 2024

Visitação: de terça-feira a sábado das 10h às 20h, domingos e feriados das 10h às 19h.

Acesso para pessoas com deficiência

Classificação Indicativa: Livre

Entrada Franca

Realização: Somos Comunicação 

Produção: Via Press

Patrocínio: CAIXA e Governo Federal