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por Nereide Michel em 19/11/2021

A arte tem o dom de unir e integrar. Daí a sua importância para destacar e divulgar anseios e expectativas de um povo, uma geração ou  uma parcela da população que nem sempre é ouvida em suas reivindicações. O Festival Literário Afro-paranaense – FLAP – que acontece de 20 de novembro, dia da Consciência Negra, a 28 de novembro – cumpre um importante papel: difundir, através da palavra falada e escrita, as várias facetas de uma cultura que tem expressiva participação no  multirracial mosaico que define o que é ser brasileiro. 

O evento, que está na segunda edição, é uma realização do Centro Cultural Humaita, em parceria com o Coletivo Negritude UFPR, e reúne em uma ampla programação poesia, prosa, conto, romance, ensaio, artigos, contação de histórias afro-paranaenses, entre outras atividades. O objetivo é promover o diálogo entre mestres da academia e da periferia buscando olhar para a realidade afro-paranaense de um ponto de vista afro-centrado. Como destaca Candiero, presidente do Centro Cultural Humaita e membro da REMA – Rede de Matriz Africana, “hoje não é mais possível falar de cultura negra, sem falar do racismo científico disfarçado e escamoteado em cultura, e dessa eugenia centenária, tão marcante e presente em nosso estado, que sempre tentou e continua tentando nos invisibilizar”.

PROGRAMAÇÃO

Dia 20/11, às 10h, na agenda estão diversas apresentações literárias . Ás 20h, lançamento do e-book “Tempo é rei em Curitiba”, de Mel e Candiero, um projeto realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. O livro “Tempo é rei em Curitiba” é uma produção da Editora Humaita, especializada em Literatura Negra e Oralidades Afro-paranaenses, e foi escrito em parceria com o coletivo Amigos da Roda de Rua da Praça Tiradentes. Disponível no site do FLAP a partir das 20h do dia 20/11, em formato e-book, o livro traz histórias curitibanas na voz de um mestre griô conectado à ancestralidade afro-curitibana, que compartilha memórias na Roda de Capoeira.

Dia 21/11, às 16h, Marcel Malê lança o seu livro “[escrevedor de histórias] Edição Quilombolas”, que compõe o projeto de mesmo nome, onde foram realizadas performances/encontros em 2019 nas comunidades paranaenses Feixo, Rio do Meio, Adelaide Maria Trindade Batista, Batuva, João Surá e Água Morna. O lançamento conta com a presença de integrantes das comunidades participantes. Na sequência, às 18h, tem início “Pílulas de Inclusão”, projeto de Marcel Malê com oito vídeos e participação de Ive Machado, Isabela Picheth, Fabíola Moraes, Gabriela Grigolom, Marcel Malê, Raíssa Negroni, Ué Prazeres, Vicente dos Santos, no canal Marcel Malê.


Ao longo da semana acontece o Sarau das Gurias – Especial FLAP, com a poeta Gabriela, SoulDani, A+ e Camaleoa; sarau e lançamento do livro “Sementes do amanhã no Emília de hoje”, do C. E. Emilia Buzato, sob direção do professor Celio Jamaica; diversas palestras aprofundando temas importantes, com os doutores Ademir Barros dos Santos, da UFSCar; Cleber Fabiano, da FATUM, sobre “Critérios Para seleção de livros infantis com temática afro-brasileira”; Dejair Dionísio,de Londrina, com a palestra “Escritas pretas no Sul do Brasil: um devir”; e Sara Brown, tratando de “Literatura infantil e encantamento: afeto e representatividade na literatura para a infância”.

O historiador e professor Leandro Meira, que realizou uma entrevista com o professor Ademir Barros dos Santos, autor do livro “África: nossa história, nossa gente”, destaca a importância de compreendermos a realidade do negro no Brasil hoje, passando por sua história de escravidão e aprofundando o debate quanto à visão europeia frente aos povos africanos, gênese do pensamento racista que ainda persiste na sociedade brasileira disfarçada cinicamente de”democracia racial”. Na aula, ministrada no dia 27/11, às 18h, ele analisa a produção literária afro-brasileira e a necessidade de sua valorização com arma na luta pela igualdade racial no país.

ATRAÇÕES

O rapper Luizinho LZO, de Clevelândia, o poeta Moisé António, de Angola, e o poeta Marcio Gleide apresentam trechos de sua literatura afro-paranaense.

Mimi Maria Lucia e o seu projeto “Poesia, prosa e proezas”.

O cronista Richard Roch apresenta seus livros “Preto de alma preta” e “Maratonista do Quênia”.

Aldo Moraes, de Londrina, fala sobre a produção literária londrinense.

A contadora de histórias, bonequeira e professora Samara da Rosa Costa lê “Cada um com seu jeito, cada jeito é de um”, da professora doutora Lucimar Rosa Dias.

Gláucia Pereira e a sua pesquisa “Territorialidades negras em Curitiba/PR: ressignificando uma cidade que não quer ser negra”.

 Dr. Jurandir de Souza apresenta aspectos de suas pesquisas. 

 HQ “Sublime”, de Márcio Roberto Garcia apresenta a HQ “Sublime”.

Rosane Arminda Pereira e suas criações como cordelista e palhaça.

Poemas da “pérola negra da poesia paranaense” Laura Santos, nas vozes de Will Amaral e Maureen Reis.

Dany Paixão recita o poema Vozes-Mulheres, de Conceição Evaristo. A professora Idalina apresenta cantigas de capoeira, com a Escola Abadá Capoeira e a  artista Izabel Oliveira, a performance literária “Passôs”, inspirada na dramaturga mineira Grace Passô.


No encerramento, 28 de novembro, às 16h, o lançamento de mais um livro da Editora Humaita. A Dra Edicelia Maria dos Santos de Souza apresenta o seu estudo “Educação escolar Quilombola: 10 estudos pioneiros no Paraná”, com a participação do Movimento de Mulheres Quilombolas, falando sobre o protocolo de Consulta às Comunidades Quilombolas do Paraná, texto de referência, incontornável para quem deseja estudar e trabalhar em parceria com estas comunidades.

PARA ASSISTIR

FLAP – Festival Literário Afro-paranaense

Evento acontece de forma online.

 Site centroculturalhumaita.org

De 20 a 28 de novembro de 2021

Diversos horários.

Gratuito.