Linkultura

por Nereide Michel em 18/11/2021

Quem conhece a jornalista Bia Moraes, mesmo os que acompanham, de pertinho, a sua longa e profícua carreira profissional de mais de três décadas, não consegue evitar a pergunta: – “Como uma Bia Moraes, meiga e delicada, pode ter na convivência tanta gente errada e estranha”? A curiosidade, com certeza, tem um papel importante nesta pouco provável aproximação – é ela que movimenta a gana de não fugir dos desafios que a vida nos reserva e nos empurra para decifrá-los. Uma atitude que tem muito a ver com uma mente aberta e pronta para assimilar e decodificar situações – e seus personagens –  que se apresentam contrastantes com o que somos na nossa essência.

Bia Moraes: sensibilidade para captar o que não é visível mas é real.

O errado, o escondido e o misterioso da convivência de Bia Moraes estão marcando presença forte e nada sutil nas páginas do livro “Histórias de Gente Errada”,  que a jornalista está lançando pela Kotter Editorial.  São 44 contos que não poderiam ter outra forma de expressão senão a do universo surrealista e sobrenatural. É nele que habitam heróis e heroínas nada convencionais cujas bizarrices mantém conexão com o real:  um roteiro sombrio, que pode estar se desenrolando no apartamento vizinho agora mesmo. Apesar de “errados” eles estão no lugar certo para virarem registros contundentes e verdadeiros.

Como avalia Claudecir de Oliveira Rocha, seu editor, na sinopse do livro, “sob a influência do realismo fantástico de Lygia Fagundes Telles e do hiper-realismo de Dalton Trevisan, Bia encontra sua voz ao mergulhar na psicologia dos personagens, nas suas generalidades e singularidades ao mesmo tempo, concentrando-se no que é essencial à forma através do discurso cotidiano, captando o que é dito e no não dito, ora idealizando um final feliz, ora a constatação da maldade humana”.

Outra testemunha-chave das vivências de Bia Moraes  é o diretor de cinema e documentarista Guto Barra, eles se conhecem desde 1988 e trabalharam juntos nos longas “Beyond Ipanema” e “Jorge”. Segundo sua definição da autora, “achar personagens fascinantes, daqueles que poucos jornalistas acham, era o mínimo que ela fazia. Soube interpretar como ninguém a realidade, seja de dentro de uma delegacia ou de uma butique de madame”.

Um posicionamento profissional que, sem dúvida, sinalizou o caminho que Bia Moraes iria tomar quando há dois anos foi surpreendida por um AVC e suas sequelas. Ela encontrou repousando dentro de si todo o conteúdo da prosa que nos conta agora com uma naturalidade que beira à meiguice e à delicadeza, mesmo com a crueza das palavras.

Uma coluna que Bia batizou Ordem CaÓtica, sobre literatura, publicada no jornal Plural, também traz muito sobre suas avaliações e análises a respeito do que está escrito ou deve ser posto em palavras. 

O LANÇAMENTO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Histórias de Gente Errada”

Livro de contos de Bia Moraes

Em 18 de novembro, às 18h30

Livraria Itiban, Silva Jardim 845, Curitiba.

À venda em https://kotter.com.br/loja/historias-de-gente-errada-bia-moraes/