Linkultura

por Nereide Michel em 22/06/2023

A curitibana Devaneios, sob a administração do escritor Adam Mattos, é recém-chegada ao universo do livros. Adotando como lema “igualdade e transparência ao contar histórias que misturam realidade com imaginação”, tem como uma de suas propostas publicar gratuitamente um título de autor sem condições de arcar com os custos da edição.  Com 50 colaboradores, já vem demonstrando dinamismo no mercado editorial com o lançamento de diversos títulos, como o romance “Na Toca dos Guarás”, de Eduardo Machado, e a ficção “Conectados”, do músico Djalma Marquesani.

“Na Toca dos Guarás”, do escritor goiano Eduardo Machado, conta a história de dois jovens que experimentam as sensações do primeiro amor com doçura e delicadeza. O enredo é ambientado numa fazenda localizada no Cerrado, seis anos depois do golpe militar de 1964. O autor destaca  que o romance é uma obra literária de ficção com referências implícitas de sua vida. “Um arcabouço, que é uma união entre uma overdose melodramática, meus momentos bons com amigos e a família e entre as minhas rachaduras. A história ocorre no cenário de perseguição da  sombria ditadura militar, com duas figuras centrais: Ester, uma mãe com esquizofrenia e o filho gay, Danilo”.

O livro, que também tem versão audiobook, conta com  edição de Adam Mattos e direção editorial de Sammy Riether. A capa é uma produção de  Denis Lenzzi. Queila Vargas e Tim Soares assinam a revisão da obra e César Mendonça, a diagramação.

Com uma narrativa de suspense envolvente e intensa, Djalma Marquesani, formado em artes, música, criminologia e parapsicologia, estreia na literatura com “Conectados”. A história de ficção gira em torno de um homem de 40 anos que usa seu poder mental para desvendar uma série de crimes hediondos, que acontecem na pequena e tranquila Salbina, uma cidade do interior do país. De acordo com o autor, o livro traz tramas empolgantes e revela personagens inesquecíveis. “Certamente, provocará arrepios a cada virada de página, levando o leitor a conhecer um mundo cheio de mistério que se abre diante de seus olhos”, observa.

O livro tem 226 páginas distribuídas em três partes, com edição de Adam Mattos, direção editorial de Sammy Riether, capa de Breno G. Sousa, ilustração Mayke Alencar (Reconvexo Studio), revisão de Tim Soares, Narjara Pedroso e Jéssica Hércules Furtado e diagramação de César Mendonça.

LEITORES EM CONSTRUÇÃO

Divulgação/Grupo A. Ioshii

Curitiba também conta com o seu Canteiro da Leitura – uma iniciativa da Construtora A.Yoshii para incentivar cultura e educação através da disponibilidade de obras literárias visando ampliar o acesso aos livros. Afinal, como indica a  5ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), a quantidade de leitores no país caiu de 56% em 2015 para 52% em 2019. O levantamento, divulgado em 2020, ouviu 8.076 pessoas em 208 municípios e define como leitor a pessoa que leu pelo menos um livro, inteiro ou em partes, nos últimos três meses. Os dados revelaram, portanto, que o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores em quatro anos, principalmente das classes A e B, com Ensino Superior, e menores de idade entre 11 e 17 anos. 

Divulgação /Grupo A. Yoshii

Implementada em julho de 2021 em Londrina, pelo Instituto A. Yoshii, entidade sem fins lucrativos que tem o intuito de fomentar ações relacionadas à educação, meio ambiente e cultura,  o projeto já atingiu a marca de dez Canteiros da Leitura no Paraná e São Paulo em cidades como Londrina, Maringá, Porto Amazonas, Capivari e a partir de junho em Curitiba.

Ao todo, a iniciativa já impactou positivamente 1.500 trabalhadores da construção civil que, com livre acesso às obras literárias, encontram no ambiente de trabalho um novo estímulo à leitura. “Nessas bibliotecas construídas nos canteiros de obra, disponibilizamos mais de 150 exemplares, entre livros, revistas e histórias em quadrinhos, que podem ser lidos nos intervalos do trabalho ou em casa, incentivando também a leitura em família”, destaca o presidente do Instituto A.Yoshii, Aparecido Siqueira. O projeto não é itinerante e funciona durante toda a execução da obra.

O primeiro Canteiro da Leitura da capital paranaense tem como endereço a obra em construção do Quintessence, localizada na rua Alferes Ângelo Sampaio, no bairro Batel. Em um ambiente amplo, arejado e com mobiliário consciente e sustentável, tem como meta impactar 95 colaboradores em atividade no local. 

A ESCRITORA

Bebel Rizmann e o presidente da Alals, Leonardo Flores. Divulgação/Alals

 12 de junho foi um dia especial para a curitibana Bebel Ritzmann. Jornalista, escritora e compositora, ela tomou posse na Alals – Academia de Letras e Artes Luso-Suíça – para ocupar a cadeira Olavo Bilac. A cerimônia foi realizada na sede do Clube ELO, em Lisboa.

 Bebel Ritzmann esteve em Portugal para participar também da 93ª Feira do Livro – Lisboa 2023, quando lançou sua primeira coletânea de poesias “Entrega – da alegria aos medos, paixões e prisões”, publicada pela editora curitibana Selo Livros Legais, e “Bebel e seu jeito feliz”, seu livro infantil de estreia.  Na ocasião, proferiu a palestra “Inspiração do Poeta”, focando sua obra poética e afazeres fora da literatura. A escritora recebeu ainda o certificado da Rede Sem Fronteira de participação literária na obra “Mulheres Extraordinárias – o resgate histórico do legado pela palavra escrita e a construção de legados contemporâneos”, abordando a vida e a poesia de Helena Kolody. 

AS ESCRITORAS

Dani Durães

Em 1958, a pedido da revista Esquire, o fotógrafo Art Kane captou, através de suas lentes, a efervescência da cena do jazz estadunidense convidando todos os músicos que estivessem em Nova York para uma foto. Cinquenta e sete músicos apareceram, dando origem a uma imagem que se tornou emblemática, um registro histórico da era de ouro do jazz. Inspiração para uma ação no Brasil que reuniu em 12 de junho de 2022, escritoras nas capitais de seus estados para uma foto histórica com o  objetivo de fazer um registro parcial da ocupação feminina no campo literário. A iniciativa levou o nome de “Um grande dia”.

No Paraná, a foto foi tirada em frente à Biblioteca Pública do Paraná, organizado pela escritora Giovana Madalosso e Amora Livros, clube de livros escritos por mulheres. Em 17 de junho deste ano aconteceu um novo e atualizado retrato da cena literária feminina com a participação de mais de 50 escritoras. O evento incluiu também roda de conversa com autoras paranaenses; roda infantil com o coletivo Era uma Vez e autografaço coletivo do livro “Um grande dia para as escritoras”. A iniciativa contou novamente com a organização da escritora Giovana Madalosso e da Amora Livros.