Linkultura

por Nereide Michel em 09/12/2019

A moda brasileira reserva, sem dúvida, um capítulo especial em sua história para as elegantes integrantes da família Pascolato. Gabriella, mãe, e Costanza, filha, reuniram suas economias e trocaram a instabilidade e a insegurança, geradas pela 2ª Guerra Mundial, pela expectativa de viver em um país que lhes oferecesse a oportunidade de recomeçar a vida. Elas adotaram o Brasil, onde não apenas retomaram seus objetivos pessoais como marcaram importante presença no mundo empresarial com a dinamização da Santa Constância, uma fábrica de tecidos sofisticados.  Uma bela e emocionante trajetória que ganhou registro nas páginas do livro “O fio da trama”, lançado em novembro pela editora Tordesilhas, assinado por duas privilegiadas testemunhas das vivências de Gabriella e Costanza: Consuelo Blocker e Alessandra Blocker, descendentes diretas das duas personagens-chaves da obra.

 HISTÓRIA BEM TRAMADA

Consuelo e Alessandra Blocker, filhas de Costanza Pascolatto, começaram a tecer uma envolvente trama a partir dos diários da avó, Gabriella Pascolato. Na primeira parte do livro, “Uma linha por dia”, relatos confessionais mostram a força de vontade da jovem Gabriella, que se determinou a cursar a universidade numa época em que a formação acadêmica era incomum para as mulheres. Anos de história expostos, trazendo à tona as angústias da juventude na Itália, o casamento, as adversidades enfrentadas durante a guerra e a vinda da família para o Brasil.

 Na segunda parte do livro, “Prêt-à-porter”, o leitor passa das histórias de Gabriella aos dilemas de Costanza Pascolato, entrelaçados sempre pelos depoimentos de suas filhas Alessandra e Consuelo Blocker. Mulheres da uma geração que,  aparentemente, teria todas as facilidades para seguir em frente, mas que também enfrenta tormentas. Solidão, divórcios, tentativas frustradas de gravidez, mudanças de casa, de país, perdas e danos: a fragilidade afetiva só nos aproxima das narradoras em sua luta diária e incontornável para se tornarem protagonistas da própria história.