Linkultura

por Nereide Michel em 06/07/2022

Os cem anos de Ayrton João Cornelsen vão ser celebrados de uma maneira muito especial na quinta-feira, dia 7 de julho, no Museu Oscar Niemeyer. E não poderia ser diferente. Afinal, o arquiteto curitibano Lolô Cornelsen deixou sua assinatura em importantes obras não apenas no cenário urbano da capital paranaense como também em outros municípios do estado e até no exterior. A homenagem inclui uma diversificada série de atividades – como rege o perfil do profissional – incluindo mesa redonda, exibição de filmes, fotos e áudios e o pré-lançamento do livro “Lolô Cornelsen – Vida e Obra”.

Arquivo pessoal

“Queremos destacar as obras do Lolô e, antes de tudo, um homem muito à frente de seu tempo. Ele está diretamente ligado ao desenvolvimento do Estado do Paraná, além de ter mostrado todo o seu talento em outras áreas, como a do automobilismo. Não podemos esquecer também de sua sensibilidade e técnicas incríveis para o desenvolvimento de projetos residenciais até hoje celebrados por profissionais da arquitetura. Lolô Cornelsen foi único e merece todo o carinho nesta data tão especial, em que completaria 100 anos”, destaca a arquiteta e produtora cultural Consuelo Cornelsen, filha de Lolô.

PROGRAMAÇÃO

A mesa redonda “Reflexões sobre a obra do Lolô”, mediada por Rafaela Tasca, terá a participação dos arquitetos Salvador Gnoato, Marcos Bertoldi, Guilherme Macedo e Fernando Canalli. Nela. serão relembrados grandes projetos do arquiteto que impactaram a visão de profissionais e repercutem até hoje. Obras em audiovisual também vão celebrar a carreira de Cornelsen, com destaque para os vídeos “Lolô Maravilha”, de Acir Guimarães, e “Lolô – Sem Palavras”, de Iko e Hiran Pessoa de Mello, e o áudio “Lolô – Últimas Palavras”, de Airton Pissetti.

Também está agendado o pré-lançamento de “Lolô Cornelsen – Vida e Obra”, de autoria de Guilherme Macedo e Josehenrique Zuchi, que inclui os projetos arquitetônicos mais relevantes do arquiteto e suas contribuições para o desenvolvimento social e econômico do oeste e sudoeste do Paraná. O autor iniciou sua pesquisa ainda na  faculdade, trabalhou em um escritório na icônica Residência Belotti, projetada pelo arquiteto, e chegou a conhecer Lolô, que o estimulou a reunir as suas principais obras no livro.

PLURALIDADE

Curitibano, Ayrton João Cornelsen nasceu em 7 de julho de 1922. Formado pela Universidade Federal do Paraná em Arquitetura e Engenharia Civil, foi construindo uma carreira sólida muito cedo. Um dos últimos representantes do modernismo brasileiro, o arquiteto ganhou a alcunha de “Homem Asfalto”: foi diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, no qual, desde 1950, foi responsável pela pavimentação de mais de 400 quilômetros de rodovias que interligam o Paraná. Projetos como a Rodovia do Café, a revitalização da Estrada da Graciosa e o ferry-boat de Guaratuba lhe deram reconhecimento nacional. Convidado pessoalmente por Juscelino Kubitschek para representar o Brasil no exterior, chegou a estruturar de hospitais e escolas a campos de golfe e hotéis pela Europa, África e pelas Américas.

A paixão pelos esportes o levou a atuar diretamente na área: foi jogador do Athletico Paranaense, conquistando três campeonatos (amador em 1943 e 1944, e com o time principal, em 1945). Foi criador do escudo “CAP” que estampou os uniformes do clube até 2019. A rivalidade entre clubes deixou apenas nos gramados da competição: foi idealizador do projeto original do estádio Couto Pereira, do Coritiba, e da Vila Olímpica do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro.

O “Homem Asfalto” também deixou seu nome em residências modernistas espalhadas por Curitiba e, como não poderia ser diferente ao analisar seu apelido, nas pistas de corrida, assinando os projetos de importantes autódromos pelo mundo: Autódromo Internacional de Curitiba, Autódromo de Jacarepaguá (Rio de Janeiro), Autódromo de Luanda (Angola) e Autódromo de Estoril (Portugal). Ele faleceu em 5 de março de 2020.

 

 

 

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