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por Nereide Michel em 08/01/2015

A fragilidade aparente do papel ganha força nas mãos de designers como a mineira Virgínia Barros, a gaúcha Marília Capisani e a curitibana Alethea Silveira. As três lançaram linhas tendo como matéria-prima uma invenção originária da China, datada  de 105 d.C., que chegou à Europa através dos árabes e que no decorrer dos séculos ganhou importantes utilidades. Serve tanto para escrever ou imprimir sobre a sua superfície – e quanta emoção registra! – como para… A lista de seu emprego é enorme, basta olhar ao redor. A criatividade de quem trabalha com moda, por exemplo, encontrou no material uma forma de expressão que resulta em sapatos e acessórios como colares, brincos e pulseiras.

 O papel serviu não apenas de matéria-prima para a coleção Inverno 2015 de Virgínia de Barros, mas também como tema para desenvolver modelos que contam histórias e trazem boas lembranças – afinal, quem nunca recebeu umas “mal traçadas e sinceras palavras” esboçadas em uma saudosa carta? A coleção batizada Papel Passado e Futuro  acompanha a trajetória do material, do papel artesanal da antiguidade à era do sintético – sem celulose e ecologicamente correto, que remete ao futuro – representado pelo tyvek.

Os sapatos femininos mostram estampas digitalizadas de folhas de caderno, superfícies de papel artesanal, papel amassado, envelope e barquinhos. Nos modelos, peep toe com saltos alto e largo, botas rasteiras e com salto 6 cm, sapatilhas de bico fino, sapatos quadrados ou com bico levantado. Entre os toques criativos chamam a atenção arames, que substituem cadarços, remetendo aos  cadernos com espiral; sapato de salto inspirado em aviãozinho de papel ou em forma de carta com pares diferentes – um é a frente e outro, o verso do envelope – ; sapatilha em forma de barco de papel; oxford em folhas de papel, que podem ser escritas. A surpresa é o sapato revestido em papelão, que pode perfeitamente ganhar as ruas, sem medo de pegar chuva. O couro também é utilizado por Virgínia Barros na coleção, trabalhado como se fosse arte em papel, com detalhes de picotes e folhas rasgadas.  O efeito tridimensional dos calçados é outro destaque na modelagem.

Marília Capisani assina peças ecologicamente corretas na sua coleção Joias da Natureza. Conhecida por criar peças a partir de elementos encontrados na natureza, a designer inovou e lança colares e pulseiras feitas com papel kraft. O material é resistente, maleável e 100% reciclável. A fabricação das peças começa com uma mistura de fibras de celulose curtas e longas provenientes de madeiras macias. Esta interação entre o papel e o metal imprime rusticidade e delicadeza ao trabalho de Marília Capisani.

Alethea Silveira tem um trabalho delicado, mas nem por isso menos expressivo, ao desenvolver acessórios com papéis coloridos pacientemente enrolados. Com esta técnica “inventa” colares, pulseiras e brincos com uma proposta sustentável e com um charme único.

ONDE ESTÃO:

Virgínia Barros, Avenida Cristóvão Colombo, 63, Savassi, Belo Horizonte. Fone (31) 3223-6968

www.virginiabarros.com.br

Marília Capisani: Fone: (51) 3346-0358

 www.mariliacapisani.com.br

Alethea Silveira, Largo das Artes, Rua Des. Ermelino de Leão, 472, Curitiba.

largodasartesctba.blogspot.com.br